terça-feira, dezembro 29, 2009

Re(criar)-se.

Então acaba logo com esse vidro embaçado meu amor, quebra tudo, cola de novo, porque cada caco vai dissipando aos poucos tua dor.
Esquece como sei que tanto consegues, te livrando dessa régua que agora te mede, porque és tão maior... És tão mais forte que isso minha linda. Guarda na gaveta o livro em branco que era nosso, e sai rabiscando paredes sozinha.
Sei que sabes o que te cabe agora, e em outro tempo eu entenderei também, vai ser quando esse novo universo me fizer ir onde estás, tão além...
É querer saber demais sobre meus medos, agora pensar no que mais tarde vem contigo, mas entre teu pescoço sabes que continuo, mesmo não tendo mais como meu esse abrigo.
Ah meu amor, nem toda palavra é o que o dicionário diz, e não concordo com tudo o que te ocorre, mas antes do fim prefiro ficar por um triz, e dizer, você que escolhe.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

A menina cacos desperta e se diverte com a ideia de ter esquecido as pernas no último bar da noite. Assim pelo menos poderia ter motivo que não gera pergunta para ficar o dia inteiro na cama.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Rascunhos.

Alguns dos rascunhos, o resto ainda pode completar-se.
  • Conversa afinada, afiada, fiada:
  • Tic tac: Para começar, digo agora que faço questão de um fim bem bonito.
  • Sem título: Hoje, enquanto as coisas acontecem ao meu redor, tua beleza está acima de todas elas.
  • Sem título: É, eu poderia muito bem me jogar nesse sofá esperando o mundo se decidir de uma vez. De repente até te ligar só para que não te esqueças que ainda permaneço. Sem medir consequências.
  • Sem título: E hoje, é exatamente isso que te dou. Esse momento, em que sou completamente tua, quase parte de ti.
  • Sem título: Vou tornar isso nítido sem que me olhes. Como algo que não precisa realmente ser sentido com o calor que sai do corpo que vos fala, (essa nossa vontade de sermos nós).
  • Sem título: Essa história vai me matar, se minhas mãos não viverem isso agora. Tremem acentuando o que mais quero, e de repente o som...
  • Sem título: (Tudo porque você sorri daquele jeito que eu imaginava).
  • Sem título: A página ainda está em branco. Engano-me mantendo-a aberta por dias à espera de um surto poético... Empresta-me a tua calma que já não consigo ver o que está em mim...
  • Eu daí e você daqui:
  • Ainda escrevo frases de amor: Mesmo com as folhas parecendo mais completas com linhas em branco...
  • Sem título: Apesar de estar longe demais de onde as sensações reais me alcançariam, e com os fios do fone de ouvido se enroscando nos óculos que descansam na blusa, ainda escuto a música. E me toca parecendo carinho.
  • Sem título: Ah esse blues me remete nossa construção do telelescópio nunca acabado. Será que ainda o guardas como essa música guardou nossos dias?

terça-feira, dezembro 22, 2009

Subentense-se amor.

Quando todos os motivos do mundo me fazem ficar em casa, você é o filme bom que passa na TV.
Enquanto o vinho ainda está lacrado e sem pressa a noite começa a engolir-me, você é o som dos passos de qualquer um que eu ouvir chegar. A estranheza mais bonita de se ter por perto, a calmaria das minhas flores te chamando para ficar... És a embriaguez que me ensinou a ser paciente. E quando perfumo minhas mãos antes de entregar as cartas ao correio, você é essa gentileza invisível que me faz bem, que me coloca ao teu lado em cada linha.
És o motivo dessa saudade doer, e de se tranquilizar de tempos em tempos, como ondas de minutos que não posso controlar a não ser agora, quando vejo claramente que mesmo antes dos abraços feitos de vento e de segredos construídos como se fossem fotos inexistentes do nosso dia-a-dia, você é a coisa mais simples nessa imensidão toda.
E enquanto todos acham que estamos muito longe... Cada pensamento, gesto e decisão minha que eles vêem, continuam cobertos do teu nome.

domingo, dezembro 20, 2009

terça-feira, dezembro 15, 2009

Caixa de saída - 11/03/2009 : 02:43 Horas.

A luz da TV ilumina o quarto escuro e vejo teu rosto desenhado na minha pele. Começo a te escrever sem pretensões dessas palavras serem libertadas do listrado do caderno chegando até você. Escrevo porque assim acredito na insanidade temporária de estar conversando contigo. Porque tua falta dói. E lembrando da gente aqui, o tempo não existe, é como viver em uma fotografia bonita. Acabo arriscando um sorriso sem jeito, pronto para um beijo teu... Mas a noite parece uma cena congelada. E sufoca as cordas vocais quando tento chamar pelo teu nome...
No primeiro suspiro da manhã sinto o ar entrando áspero, procurando lugar entre a saudade que à noite se espalhou pelos pulmões e o resto todo. Já meus olhos, hora inquietos tentando achar um lugar onde consigam sustentar o corpo inerte a outra emoção (procurando distrações por todos os lados), hora fixos no espelho (procurando por você dentro deles mesmos), já não sabem como agir... e só transbordam.
O cérebro logo enlouquece também, e antes de escrever isso, especula planos para nós. Calcula distâncias, procura pseudo-soluções que resolvam tudo em meia hora. Mente para si mesmo e força o rosto a um sorriso conformado e mentiroso.
É nessa imensidão de coisas acontecendo ao mesmo tempo que a boca grita, e o silêncio após, faz por um minuto tudo ser ainda mais cruel.
Depois, o celular toca e os olhos fatigados te lêem dizendo que também sentes minha falta. Assim, começando pela cabeça e descendo, o corpo vai se tornando tranquilo e se joga na cama feliz e agradecido por te ter, tendo exatamente a mesma saudade... Quase não acreditando nisso...

terça-feira, dezembro 08, 2009

sábado, novembro 28, 2009

Ainda o paradoxo da retórica.

Enquanto todos dormiam ela tentava arrancar os olhos que de tão fracos já eram supérfluos ao rosto. Sua insistente insônia de corpo cansado a faz bailar trôpega pelo quarto, escolhendo os pensamentos que não geram gritos.
São claros os sinais que essas noites proporcionam, e de tão óbvios ninguém os questiona, mas por essa obviedade toda também não são aceitos. A menina cansou desses sucetivos impasses das pessoas normais de não entenderem as coisas mais simples, os desabafos sem fala mais sinceros. Queria ela fazer desse problema uma hisória bem bonita, onde existiria a dúvida da loucura inérte no papel, e por fim, o próprio leitor chegaria a essa conclusão sem expecificações, por meio de frases de impacto. Porém ela entristece só de ter essa ideia, não a da história em si mas de ter que aceitar agora algo mais complexo, aceitar que as pessoas precisam de problemas armados, tentativas de suicídio, dramas noites a dentro para entenderem enfim o que está ali, intacto há anos e sempre tão certo como a fome que virá. Precisaria agora, complicar tudo para descomplicar-se, agir como vê que se deve, parar de acreditar nessa besteira toda de silêncio esclarecedor.

terça-feira, novembro 10, 2009

.exe

Óculos na mesa e sei para onde tuas mãos irão, conheço o trajeto dos teus gestos, da perna trêmula, dos olhos inquietos. (Estes que enquanto olham atentos para o meu constrangimento, riem se fechando). Falas: "Algo te encomoda?" Digo que é só a música da manhã. Aquela que acaba te traduzindo no momento em que me remetem a nostalgia de anos anteriores. É como se tivéssemos passado.
Sei que entenderias melhor se eu tivesse em mãos uma frase de impacto escrita em código binário, (eu também). Mas só consigo pensar que o tempo passou como um assopro de tentativa de assovio meu, e que não me lembro direito dos meus dias sem tua paciência matinal, e os teus desapegos de final de tarde.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Q R S T U V W X Y Z A B C D E F G H I


Mesmo sentindo falta daquela nossa corrida de matar dias... São só dias mortos.

segunda-feira, agosto 10, 2009

O que ficou, o que ainda irá, o que espera a hora, o que invadiu sem licença...

Acordo com o ar pesado da tua ausência tomando conta das estradas. Sentindo o movimento das curvas acabando pouco a pouco até com a água em meus olhos. E sem cessar, a dor de cada metro proporciona um grito interno que o mundo escutaria, e que faz meu sangue esquentar a ponto da pele arder com toques alheios.
Amor, ficou contigo minha calma envolta nas flores que me destes. E deixei de propósito no teu corpo parcela maior de mim do que a matéria que aqui voz fala um dia teve...
Abre tua mão e vê minha boca pedindo por mais tempo. Encosta no teu ombro os lábios e sente de vez que não fui deveras embora...
Assim, enquanto derramas pela tua cama o teu cansaço diário de saudade, enquanto caminhas pelas mesmas ruas e não decifras o sentimento que te envolve, enquanto te parece impossível viver tão tragicamente feliz... Fala, que é só no teu canto que acho minha sorte e assim consigo te fazer ver que o que me cala é a espera pela tua voz, que não ligo pros meus anceios quando dizes até amanhã, que a simples promessa de mais um beijo teu é suficiente para viver uma vida lutando por isso...

terça-feira, agosto 04, 2009

Nem mais uma linha.

quinta-feira, julho 09, 2009

(.)

Enquanto o telefone carrega, continuo olhando o chão naquele canto como um espaço vazio que foi preenchido por suas coisas. Na verdade, nunca foi um espaço vazio antes de você chegar e dar-lhe importância. Eu nunca notei aquele canto, talvez porque já sabia que era seu, então deixei a sua disposição desde sempre (e gosto de pensar que isso não foi sem querer). É, hoje penso como quem acordou depois de 17 anos, e tem ideias doidas como por exemplo: dormir no chão para de repente sonhar que sou coisa sua que você esqueceu aqui.
Não soa tão doido se te contar que já sonhei que era um de seus livros favoritos, daqueles que influenciariam teus atos diários e não ficariam longe de ti por nada no mundo. É, outro dia também sonhei que eu era um nada no mundo, só uma sombra boba que te perseguia torcendo para que a chuva acabe antes que você saia da aula, que lembres de comer direito, e que eu, como um nada mundo que te amava a ponto de não se importar com viver só desse amor, torcia mais ainda para que em um minuto de um dia qualquer, por um motivo besta ou um daqueles pensamentos que a gente esquece logo depois que pensa, você me sentisse ao teu lado e sorrisse para o espaço vazio. Nessa hora eu deixaria de me nomear como nada no mundo, começaria a ser a personificação de um romance perfeito que só não poderia acontecer porque eu ainda não existia. Mas no sonho, você chegou a tocar em mim e transformar-me em algo teu, como as coisas que levasses contigo deixando um espaço que para mim era invisível, e que agora é o mais vazio e importante do quarto. Assim, passei a ser alguém que não tinha nem passado, alguém que aprendia a andar a cada passo seu.
Com o tempo, fui tornando-me mais cúmplice ainda desse amor todo, sem lembrar do nada que era antes de ti (ou decidindo não pensar nisso), somando cada detalhe das vezes que você me fez sorrir sem saber, ganhei o nome mais lindo, que é o som da tua voz pronunciando qualquer palavra. Isso, estarei atenta ao som. Pouco me importa a quem você irá dedicar as palavras, tudo o que dizes soa e vai soar sempre como minha música favorita, tão importante e doce... Até mais do que te enxergar, e sempre, sempre vai ser assim, com certezas de olhos fechados. (E o sempre, sempre vai ser dois para nós).
Acordo, e sem perceber tento lembrar de como eu era antes, para cair na real das coisas reais que me rodeiam... Noto que ultimamente só sento como você se lembrava que eu fazia. Que casacos aparecem na minha mochila como mágica do meu inconsciente. Que minhas mãos de tanto procurar pelas tuas, perceberam que você existe alí no meio dos poros da minha pele, assim às vezes me pego andando de mãos dadas comigo mesma, eu sorrio pro nada. Esse nada/tudo é a nossa história, é amor, é o que eu precisava te contar, é o que me tornei a partir desse amor, é falar sem mais delongas, te amar sem esperar respostas de como isso foi acontecer comigo como um nada (gosto mesmo de pensar que nada disso tem explicação). A única certeza que tenho é a que não se pode mudar, que não te espero, amor. Eu vivo com você todo dia, e sempre, sempre sentindo essa coisa nova, de ser sortuda só por ter o teu sorriso para mim, às vezes, assim, mesmo sem saber... E me sinto feliz, só por poder te contar o quanto senti tua falta quando não sabia teu nome mas já te amava com minhas certezas da tua existência vindas pelo vento, aonde quer que eu fosse.

quinta-feira, junho 25, 2009

Entreter. (Entre não e ter você).

Acorda cedo a menina que de tão cansada sorri quando vê que não desfez os laços dos seus tênis. O arrepio costumeiro pede o casaco que ela coloca por cima da roupa que dorme. Seu cabelo se esconde atrás de uma indiferença enorme do espelho. Então são as mãos cegas que os arrumam os desfazendo.
Pensa que poderia muito bem se jogar naquele sofá esperando o mundo se decidir de uma vez, ou sair por aí cheia de passos em falso. Tem uma vontade repentina de ligar pro seu amor, só para que ele não esqueça que ela permanece (e que pensa logo cedo nisso tudo). Mas sem medir consequências cala-se, entretendo o corpo com a escova de dentes ou um papel qualquer para rabiscar. Mas o que não fala fica, menina. Fica como seus laços nos tênis.
De repente silêncio demais assusta, então pensa na sua vida, que é o complicado das coisas mais simples. Viaja em possibilidade, lembra de um certo semblante... Sente-se feliz por ter isso, e tão sortuda....

sábado, junho 06, 2009

Luminosidade.

Lá está.
O vento para de soprar e cria sob as casas aquela luminosidade sobrenatural que vem depois da chuva.
Lá está, como todas as noites.
Escapa da lei do erro.
Existe, enquanto tento provar para mim mesma que aquela beleza pode ser apagada...
Some, some sendo iluminada por sua própria grandeza.
É, talvez se os minutos não fossem tão negligentes, se eles não escondessem nada entre seus intervalos, eu não lembraria com tanta facilidade de tudo o que estava lá, (nada atingirá jamais essa perfeição).
Estava lá, e estava acima de todas as coisas.
Desenho a cena com nanquim. Me disvenciliando a cada traço dessa coisa de denegrir para esquecer o que hoje deixo aqui mesmo, inerte na tela.

quinta-feira, junho 04, 2009

Como o sorriso chegou a ela.

Ela desconstruiu a imagem de uma sala cheia de gente fugindo pela porta lateral, tudo por uma estranha necessidade de manter-se só. Fez o caminho que as duas fizeram algumas vezes, agora sem a imagem do seu amor para ofuscar o mundo ao redor, ela notou cada detalhe. Pensou se ele teria visto isso ou aquilo, se teria gostado, achado indiferente... E parou de andar. Fechou os olhos. Esperou sem pressa. Mesmo com o vento frio de outono cortando sua pele, ela teve febre. Escutou passos e o seu corpo arrepiou-se aos poucos. Mesmo sabendo que isso não era nada mais do que auto-sabotagem. Porque ninguém, ninguém iria chegar. Ninguém iria tapar seus olhos e esperar que ela o reconheça pelo perfume ou textura da pele. Ninguém iria escoltá-la até em casa e contar uma história sobre amores impossíveis de finais felizes, só para vê-la dormir aliviada. A propósito, ninguém está lá com ela agora, enquanto escreve com sua cabeça calculando a falta que esse ninguém faz todo dsia. Mas suas costas esquentam repentinamente, e num suspiro de choro ela diz "eu te amo" sem perceber. Por isso, nessa hora, sorri.

quarta-feira, maio 20, 2009

Escolhe.

  • Levanta o vidro fumê que assim eu consigo ver meu rosto no retrovisor, e ele não me deixa duvidas das marcas dela em mim...
  • - Vamos tirar todos os papéis importantes do porta-luvas e jogar na primeira lixeira que virmos.
  • - Mudando a direção involuntariamente, entrando em ruas que dão em ruas, e jogando fora tudo o que é palpável e ruim.
  • Não paro de tossir, e você acha engraçado o modo como meu cabelo mexe quando espirro. Não paras de rir, e acho lindo o fato das tuas mãos suarem quando teu nervosismo não se sustenta mais sozinho....
  • O muro de repente parece uma escolha silenciosa e mútua. (Nos embriagamos na certeza de estarmos pensando a mesma coisa).
  • - Não poderia ser assim, eu escreveria antes.
  • - E de que adiantaria isso aos outros? De que adiantasses até hoje?
  • Recitas para mim estrofes de poemas que nunca lesses. (Tentas me manter a flor da pele, para que a excitação da velocidade do carro não suma junto com os meus olhos distantes de tudo).
  • Rindo de certezas doloridas sobre mim, e ironizando teu passado sério, não nos cansamos de montar e remontar nossas vidas em voz alta.
  • - Lembrarás da voz dela e os caminhos na tua cabeça sempre te levarão para essa mesma sensação.
  • - O que se faz nos dois últimos minutos em que se vive? (...)
  • Estacionas.
  • - (...) É. Pensa-se nas consequências.

sábado, maio 09, 2009

"Por você, por ninguém, nem por mim."

Poderia falar agora, sobre as ondas que vem e vão de socos contra o meu próprio queixo. Fazer uma descrição exata da corda bamba em que ando, tropeçando aos poucos nos nós que preparei antes de erguê-la... Mas prefiro explicar logo esse meu estado meio amargo por outros meios que não te confundam.
Lembro de chegar em casa e ver a cama desfeita ainda com a marca do teu corpo, e o cheiro que ficou por dias não me deixava cair na realidade. Essa mesma doce agonia, me fez em vários instantes ficar com medo de olhar no espelho ou tirar uma foto e ter um fundo vazio de você.
Sentindo-me instável demais para olhar por cima dos fatos e calcular soluções, caí em cima delas e afundei-me em mil caminhos. Talvez hoje com isso tudo, eu venha a esquecer dessa coisa doida de como fazes falta, enquanto estás aqui.
Fico a espreitar-te na janela também, olhando o céu, imaginando que a árvore no centro da janela deveria ter teu nome, tanto que te vejo lá. Talvez logo me apaixone por ela.

quarta-feira, abril 29, 2009

"All is full of love".

Daqui desse muro, consigo ver as ruas se interligando e as luzes dos faróis que deixam rastros escuros. Por onde você viria?
Escuto passos de gente que chega sem falar, e gente conversando tão alto que o som ofusca qualquer outro. Mas você não, virias silenciosa, talvez saindo de todas as ruas, de todas essas lojas e bares, de dentro daquela casa azul, atrás daquela moça dos óculos vermelhos... Nessa noite isso é completamente aceitável. Na verdade não sei como ninguém mais te vê vindo de todas as direções... Ou então por que todos se apressam? Não tem sentido te procurar em locais específicos, sendo que é só olhar mais de perto cada detalhe ao redor de si.
Não me angustiaria te esperar a noite toda - já o faço - é que sei que virás, sei que virás...
Aperto forte contra as mãos o livro rosa que você me deu, e sinto que estás chegando, e que ninguém duvide, porque eu sei que em um minuto, uma hora, ou um ano, você estará no lugar do livro, e eu não olharei para direção nenhuma a não ser para mim, dentro de ti.
Por enquanto, te sentindo e te vendo em tudo sem motivo concreto a não ser a personificação do meu amor, e mesmo que as linhas do meu caderno sejam boas ouvintes, me pergunto baixinho: "Por onde andas, Mariana Tavares?"

terça-feira, abril 28, 2009

Escrito em algum dia de outubro.

Você, que insiste em manter segredo sobre coisas sórdidas e acaba se escondendo dentro do que mais lhe torna especial para alguém... É a mesma pessoa, que sente tanto medo de perder que acaba matando aos poucos os rastros de fora para dentro. Acaba desligando o telefone porque a pretensão que ele toque vai te fazer mal. Pagando agora o preço por se manter inerte quando precisaram do teu movimento.
Você, teve que modificar tudo, e não foi difícil. Eu pelo quarto, sombras na parede, os cds que têm que ser trocados toda hora ou o silêncio do vazio que havia entre nosso toque seria evidente demais... Tudo completamente destrutível, - para ver que não sou um mal irremediável -.
Mais tarde com certeza vão te dizer que era um caso sério de amor não correspondido, e só isso. Passarão a não ligar para sua aspereza e indiferença vista a olho nú por questões emocionais. Perguntarão por diversas vezes, se já te desfizesse das minhas partes sólidas em tua vida, e aí então te dirão que todo o resto passa, e é isso, acaba-se nisso. É o fim que de começo esperavas, é a mentira que nos contamos sendo dissipada na parede agora, aquela parede que fiz questão de pintar de novo, para que nada do que tivemos, escape e me toque novamente.

quarta-feira, abril 15, 2009

Em nenhum outro lugar.

Eu sei que o vento fininho vai desintegrando o que sobra do meu existir, e de mim, lembras cada vez menos. Ah se soubesses o tamanho da tormenta que acontece mesmo em dias calmos, que faz tudo ao meu redor flutuar até bater rápido contra meu corpo, se eu pudesse te contar meus anseios sem que pareçam tão pequenos... Não, existem mais coisas nos intervalos de letras batidas do que o que acaba sendo escrito, coisas pequenas que cabem na palma da sua mão, é só olhar mais de perto.
Eu vou te dar a mão, sem intenção de repentinamente largar, esperando uma resposta dos teus olhos. Demora para saber assim o que alguém precisa, e como se desculpar do modo certo, por isso é uma pena que marcas passadas fiquem tão nítidas em mim agora. E não adianta correr, existem correntes que duram kilômetros. Essas que se você olha para trás e ficam mais resistentes, e se tentas quebrar o sangue e a dor só te fazem lembrar que vives com isso em suas costas, e pesa.
Mesmo vendo em você minhas novas ações, a calmaria, uma estrada mais curta... Ainda não escapo de ser puxada pras velhas escolhas, pela corrente que marcou o corpo e segue ele. Essas são minhas estúpidas defesas contra quem não é inimigo. E ver que não acreditas, continua sendo minha parte de vidro...

terça-feira, abril 14, 2009

Hoje é arriscado demais...

sexta-feira, abril 03, 2009

Toltchok.

Agora me diz, vou ter que colocar todas as coisas para fora de novo? Ah não fosse teu desejo inquieto de fazer-me entender-te, até pensaria que de caso pensado querias parecer mais viva enquanto morta.
Essa criança que não entende bulhufas de desde sempre não ser considerada uma parte da tua existência, não existe. Então me diz, onde empilho as minha tentativas de sempre te incluir no que não queres fazer parte? Em que lugar longe desse teu egoísmo as coisas se compartilham e a preocupação teatral não enoja ninguém? Não sabes, justamente porque nunca sabes nada sobre verdades.
Meus anos sem a tua presença física faziam arder cada vez mais a ideia de ficar atenta a todo ensinamento posterior que viria de ti, quando teu corpo se fizesse pseudo-presente. Não arriscaria conter traços de toda essa frieza, sabe? Não sei onde foram parar minhas noites planejando rotas de fuga dos teus abraços... Só que os anos passam... E sei que me dediquei a uma miragem perfeita do que nunca tive. Mas você sempre vem e dá um jeito de lembrar o que me policiei por tempos para não esquecer, que o corte é mais fundo onde nada foi realmente perfurado.

terça-feira, março 31, 2009

Olha todo esse açúcar...

De manhã, você abre as cortinas sem fazer barulho maior que não continue embalando meu sono, só para ver a cena e ter certeza que ainda não acordastes também. E em um giro silencioso me abraças como se estivesse fazendo muito frio em março. Minhas mãos despertam antes do resto do corpo, e procuram ainda no escuro por teus cabelos... Abrir os olhos é um risco que não corro por vários minutos, te sinto e sinto nossa saudade como se ela tivesse sido derramada pela boca, inundando todo o corpo por dentro, até as pontas dos dedos.
Como sempre, não resisto ao seu rosto e desperto de pálpebras abertas, me arrependendo pois não tenho mais sono para te encontrar. Porém corro até o espelho e vejo em mim o mesmo sorriso que te daria se estivestes aqui, assim permaneces no quarto.

segunda-feira, março 23, 2009

És tu.

Que saudade de quando te conhecia, de não ter mais no peito essa tristeza incômoda das certezas que me sustentavam se transformarem. De ver as tuas frases lindas desentoando do contexto, com as palavras se reagrupando rápido até se sentirem singulares, rudes, vindas de um lugar teu que não existia até eu não fazer mais parte de ti. Será que agora és tu?
Que saudade, de lugares com luz fraca em que meus olhos se aconchegavam nos traços do teu rosto, e se sentiam em casa. Dos dias que eu sabia que poderia contar... Contar as horas que demoraríamos para nos ver, o tempo que levaria minha desculpa pelo atraso, o tempo de rirmos, o tempo de nos perdermos entre nossos caminhos interiores que há tempos não se cruzavam... De duvidar do futuro ao teu lado, mas ter certeza que de um jeito ou de outro estarias lá. Será que agora és tu?
Que saudade de te achar a pessoa mais sã que conheço, de pensar que nunca precisarias se botar no meu lugar porque eu já vivia em ti. De não sentir receio ao passar por ti na rua, correr para um abraço de alívio, e dizer-te que mesmo depois de tudo, eu simplesmente não consigo acreditar no que tu se tornou a partir do que deixamos de ser.
Preciso dizer, a água salgada que escorre nos meus traços que nunca tiveram tamanha decepção, é vinda da dúvida constante, será que só agora és tu?
"E mudo e pasmo e compungido e absorto, Vendo o teu lento e doloroso giro, Fico a cismar qual é o rio morto Onde vai divagar esse suspiro." (Pandemonium - Cruz e Souza)

sexta-feira, março 20, 2009

Todo dsia.

post deletado.

sábado, março 14, 2009

Me fizestes lembrar das grades.

Me fizestes lembrar das grades, aquelas que me prendiam na quadra de esportes de uma escola com muitas idênticas... Porque quando o vento soprava forte, ia secando meu cabelo do suor que a agonia do grito calado proporcionava, então meus dedos procuravam os contornos das grades e os passos se apressavam, assim eu tocava depressa uma por uma. Os dedos, aos poucos, ficavam dormentes, enquanto meu corpo era detido por uma vontade imensa de sentir o mesmo como um todo. Era uma sensação de dois segundos que eu tinha de liberdade mesmo dentro dos muros altos daquele espaço. (Uma fuga rápida para nenhum lugar em especial).
Me fizestes lembrar das grades, tome isso como uma boa consequência inconsciente de onde teus pensamentos me levam e me deixam.
No exato momento em que eu fechava os olhos e tentava sentir os dedos como se só eles fossem meu corpo, nesse segundo em que não sabia da tua existência fora ou dentro da minha vida, eu posso jurar hoje, que quando eu abria os olhos o vento sussurrava suas canções futuras...
E agora vivo com uma certa angústia, como se eu andasse sempre procurando uma abertura que seja na direção do teu conforto seguro (uma fuga sem volta para um lugar em especial). E para complicar, essa porta é da tua casa, você que eu mau conheço....

quinta-feira, março 12, 2009

Se te queres matar.

Se te queres matar, porque não te queres matar? Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, Se ousasse matar-me, também me mataria... Ah, se ousares, ousa! De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas A que chamamos o mundo? A cinematografia das horas representadas Por actores de convenções e poses determinadas, O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim? De que te serve o teu mundo interior que desconheces? Talvez, matando-te, o conheças finalmente... Talvez, acabando, comeces... E de qualquer forma, se te cansa seres, Ah, cansa-te nobremente, E não cantes, como eu, a vida por bebedeira, Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente! Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém... Sem ti correrá tudo sem ti. Talvez seja pior para outros existires que matares-te... Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado De que te chorem? Descansa: pouco te chorarão... O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco, Quando não são de coisas nossas, Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte, Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda Do mistério e da falta da tua vida falada... Depois o horror do caixão visível e material, E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali. Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas, Lamentando a pena de teres morrido, E tu mera causa ocasional daquela carpidação, Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas... Muito mais morto aqui que calculas, Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova, E depois o princípio da morte da tua memória. Há primeiro em todos um alívio Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido... Depois a conversa aligeira-se quotidianamente, E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste. Só és lembrado em duas datas, aniversariamente: Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste; Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada. Duas vezes no ano pensam em ti. Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram, E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos... Se queres matar-te, mata-te... Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!... Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera As seivas, e a circulação do sangue, e o amor? Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida? Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem. Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes. És tudo para ti, porque para ti és o universo, E o próprio universo e os outros Satélites da tua subjectividade objectiva. És importante para ti porque só tu és importante para ti. E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida? Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente: Torna-te parte carnal da terra e das coisas! Dispersa-te, sistema físico-químico De células nocturnamente conscientes Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos, Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências, Pela relva e a erva da proliferação dos seres, Pela névoa atómica das coisas, Pelas paredes turbilhonantes Do vácuo dinâmico do mundo...

(Fernando Pessoa)

sábado, março 07, 2009

Espero que esqueças do resto.

Foge dessa tua culpa vã de não se fazer presente pro que amanhã há de te esperar. Tira do teu corpo tudo o que existe de bagatela, e me avisa quando for a hora de tocar. Fique longe do que vem pra endireitar nosso contexto de curvas e nós. Porque te quero assim: Leve para passar flutuando por qualquer pista de obstáculos. Tão certa de tudo que poderás fechar os olhos sem medo de cair. Tão acima que sentirás o frio das nuvens sabendo que tudo tem hora para acabar... E enquanto o vento vai arranhando tua carne, estremecendo os teus ossos, fazendo as mãos se fecharem... Me verás com o mesmo jeito de sentar, olhando pro alto. Espero que esqueças nessa hora, de todo o resto.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Deslocamente para o vermelho de Hubble.

Preciso engolir uma dose ou outra de você, rodando e distribuindo sorrisos. Porque o disfarce do livro aberto já não convence mais ninguém quando meus olhos voam longe te buscando entre os vãos de calçada, atrás de portas que não fecham, dentro de papéis de chocolate...
Cubro-me de folhas secas esperando um vento mais forte me mover, ou me tornar visível em outro contexto, com elas se espalhando e me deixando nua. Podendo ler-me, escreveria sobre soluções para nós...
Se durmo a mão que aperta o travesseiro listrado se enche de nostalgia misturada com a raiva do espaço vazio, do toque sozinho... E logo após, se torna inevitável a hiperatividade que acontece com o controle remoto, procurando entre um botão e outro uma resposta cabível a essa vontade enclausurada do teu pescoço.
O telescópio novo posto cuidadosamente na janela, mostra com todas as estrelas a revolta de bloqueios de concreto, curvas e afazeres. Me possibilitando de ver por pouco tempo (até minhas retinas fatigadas de tanto te pedir ao vazio, se encherem de água com sal), uma imagem ou outra daqui que acontece ao mesmo tempo em teus olhos, enquanto você acontece de longe, e ao mesmo tempo em mim...

domingo, fevereiro 08, 2009

8.

Apesar de ter em mente só uma ou duas frases para dizer, e a idéia de um café antes de sair daqui, o sorriso se vê pelo meu rosto todo.
Apesar do dia tão quente, e minhas mãos estarem suando você por toda calçada do meu trajeto de hoje, é o dia mais aconchegante do mês. E também não me importa esse barulho todo de pressa violenta, de construção... Neutralizo tudo e organizo os sons em forma de música para te ter ainda mais do meu lado.
Seria muito dramático dizer que seu contorno continua pelos lugares que ando, e mesmo com toda a chuva do mundo, não vão desaparecer? Só foi falar e já vejo o azul do céu se misturando com o negro das nuvens carregadas. O ato de encontrar-se! Ele mudou de forma para mim, antes tão simples e agora tão detalhadamente importante... Chego a perceber aqui sentada, o tremor de suas pernas pelas minhas, fazendo o caderno mexer e algumas palavras serem rabiscadas por você.
Meu corpo está solto demais, entregue a situação e quase tocando nela, começo a temer que a chuva venha, e você em minhas pernas não me deixe levantar. No mais, as mãos vão ao rosto mostrando a quem quer que passe que me repito por dentro, sentindo sua falta.
Ficarei hoje andando em linhas ondulares sozinha, de mãos dadas com o caderno cheio de lembretes e declarações, com seu tremor do primeiro dia me guiando.

sábado, janeiro 17, 2009

O que eleva e abate.

Dois dias e o rosto já não esconde o cansaço. Não existe água que passando pela garganta limpe a sujeira que passa a escorrer pelos olhos. A fumaça, por sua vez, desce como nuvem cinza de temporal. O sorriso que busca não preocupar quem está ao redor, faz as bochechas doerem. E quando a noite se faz real, podendo eu sentir a sua respiração, no minuto de alívio a febre aumenta.
Busco-te nas coisas mais simples, as que guardei de você pelo quarto, pelo meu corpo... Mas ao olhar minhas mãos sobre a luz opaca do que se faz presente, percebo a ilusão e os dias tristes intermináveis, a coléra volta.
Não ponderando bem os fatos, ago com ímpeto e acabo me perdendo nas mesmas lamúrias. Olhando os teus rastros, encho o copo antes de perder o fôlego tropeçando novamente em você. A festa dos outros não contagia, a prosa alheia é desiteressante.
Quantos dias mais, os olhos se afundarão no rosto e os braços serão um peso extra ao ombro?
Eu não conseguia, até agora, recordar-te e a dor não ser de uma saudade empolgada...
Nunca foi tão difícil, imaginar cada coisa trivial do teu dia-a-dia, me perguntando se está sendo dolorosa tanto quanto escrever isso. Mas por estares mais em mim do que em qualquer outro lugar, te confirmo que a espera preocupada não chega a ser mais forte do que o contentamento de ter te conhecido a tempo de estar passando por tudo isso com você.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Quero que você fique sabendo (faz de conta que não sabe) ...

Nesse momento consigo ver o que a partida de seus traços (agora tão familiares) me fariam sentir. Te recordo por meio segundo, e na cortina entreaberta vejo um feche de luz que representa dia após dia, minha nova espera.
Ligo a TV baixinho e se fecho os olhos mergulho nos lugares onde você completou o espaço vazio, percebo que tudo já parecia dez vezes maior a medida que ias se despedindo.
Quando a tranca do meu quarto não sustenta o peso da porta, o vento que sopra para dentro tem cheiro de realidade distante. E qualquer música que ouse interromper meus pensamentos, enquanto viaja por entre as ondas sonoras se modifica e vira a voz que me arrepia, que me deixa sem jeito... Nada ouço, além de você, em meus ouvidos.
Seria muito estranho dizer que a distância só nos trouxe mais proximidade? Seria muito dramático dizer que lembro dos teus traços levemente desenhados pela água que escorria, vinda do querer tanto... E quando passaram pelos meus, marcaram a pele de um jeito que nenhuma chuva de horas poderia apagar?
As cartas que por ventura chegarem, no papel trarão a maciez do teu toque, também o jeito que me olhas enquanto minhas pernas se mexem e meus olhos procuram um porto seguro, longe de toda a excitação que me trazes com um simples movimento de cabeça, e você ri me segurando firme com os olhos, me deixando no alto com teu abraço, me sustentando sua, com uma palavra.