quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Deslocamente para o vermelho de Hubble.

Preciso engolir uma dose ou outra de você, rodando e distribuindo sorrisos. Porque o disfarce do livro aberto já não convence mais ninguém quando meus olhos voam longe te buscando entre os vãos de calçada, atrás de portas que não fecham, dentro de papéis de chocolate...
Cubro-me de folhas secas esperando um vento mais forte me mover, ou me tornar visível em outro contexto, com elas se espalhando e me deixando nua. Podendo ler-me, escreveria sobre soluções para nós...
Se durmo a mão que aperta o travesseiro listrado se enche de nostalgia misturada com a raiva do espaço vazio, do toque sozinho... E logo após, se torna inevitável a hiperatividade que acontece com o controle remoto, procurando entre um botão e outro uma resposta cabível a essa vontade enclausurada do teu pescoço.
O telescópio novo posto cuidadosamente na janela, mostra com todas as estrelas a revolta de bloqueios de concreto, curvas e afazeres. Me possibilitando de ver por pouco tempo (até minhas retinas fatigadas de tanto te pedir ao vazio, se encherem de água com sal), uma imagem ou outra daqui que acontece ao mesmo tempo em teus olhos, enquanto você acontece de longe, e ao mesmo tempo em mim...

domingo, fevereiro 08, 2009

8.

Apesar de ter em mente só uma ou duas frases para dizer, e a idéia de um café antes de sair daqui, o sorriso se vê pelo meu rosto todo.
Apesar do dia tão quente, e minhas mãos estarem suando você por toda calçada do meu trajeto de hoje, é o dia mais aconchegante do mês. E também não me importa esse barulho todo de pressa violenta, de construção... Neutralizo tudo e organizo os sons em forma de música para te ter ainda mais do meu lado.
Seria muito dramático dizer que seu contorno continua pelos lugares que ando, e mesmo com toda a chuva do mundo, não vão desaparecer? Só foi falar e já vejo o azul do céu se misturando com o negro das nuvens carregadas. O ato de encontrar-se! Ele mudou de forma para mim, antes tão simples e agora tão detalhadamente importante... Chego a perceber aqui sentada, o tremor de suas pernas pelas minhas, fazendo o caderno mexer e algumas palavras serem rabiscadas por você.
Meu corpo está solto demais, entregue a situação e quase tocando nela, começo a temer que a chuva venha, e você em minhas pernas não me deixe levantar. No mais, as mãos vão ao rosto mostrando a quem quer que passe que me repito por dentro, sentindo sua falta.
Ficarei hoje andando em linhas ondulares sozinha, de mãos dadas com o caderno cheio de lembretes e declarações, com seu tremor do primeiro dia me guiando.