domingo, outubro 24, 2010

A três passos...

Estou a três pasos de me jogar daquela janela, ou de entrar naquele ônibus. A três passos de beijar aquela boca, ou abrir aquele livro. A três passos de vestir aquela roupa, ou tirar aquela outra.
Só me faltam três pasos para chegar até o telefone, e também são três até a ponte de onde eu jogaria de vez esse celular. Mais três passos e eu faço minhas malas, ou faço essa carta com três passos a ti chegar.
Estou a três passos daquele violão que emudeceu, a três passos também de te encarar. Mais três passos e eu jogo fora tudo que é meu, ou mais três passos e pego tudo na mão para te fazer lembrar.
Faltam três passos para achar outro caminho, e talvez esbarrar no teu que também precisa de três para me encontrar.

domingo, outubro 10, 2010

E não faz tanto tempo assim.

Sinto algo saindo aos poucos pelas minhas mãos conforme os dias vão acontecendo. Sei que elas estão em algum estranho processo de apodrecimento antes do resto do corpo, e quando mais uma pessoa nota, o corte volta a doer. Porém sinto que ainda sabes o que se passa nesse silêncio quando te toco daqui. Não faz tanto tempo, pensei em te dizer uma verdade que não pode mais sair da minha boca. Sempre chegamos tão perto, e foi perto demais para se olhar nos olhos. Ofusca o teu sorriso essa proximidade toda, faz a gente olhar além de nós para enxergar algo nítido. Minhas palavras te cegaram, foram rapidamente atiradas contra ti sendo só o que são, palavras minhas. E você, parou de sentir esses toques de silêncio por um periodo que foi o bastante para sentir medo. Não faz tanto tempo pensei em gritar as cores de quem sou, para remontar em mim, a cena do teu rosto me aceitando tão certo disso... Estive dandos passos contrários aos seus para virar e te olhar de frente, descobrir como são teus gestos antes que eles encontrem os meus. Mas amor, isso necessita de um tempo que tuas vontades não permitem, de uma confiança que tuas defesas não deixam acontecer, de um sorriso novo que teu orgulho não me mostra mais. Não faz tanto tempo eu quis esquecer que, minhas costas ardem e suam nossos planos, quando minhas mãos vão escrevendo algo para justificar toda essa dor.