quinta-feira, julho 09, 2009

(.)

Enquanto o telefone carrega, continuo olhando o chão naquele canto como um espaço vazio que foi preenchido por suas coisas. Na verdade, nunca foi um espaço vazio antes de você chegar e dar-lhe importância. Eu nunca notei aquele canto, talvez porque já sabia que era seu, então deixei a sua disposição desde sempre (e gosto de pensar que isso não foi sem querer). É, hoje penso como quem acordou depois de 17 anos, e tem ideias doidas como por exemplo: dormir no chão para de repente sonhar que sou coisa sua que você esqueceu aqui.
Não soa tão doido se te contar que já sonhei que era um de seus livros favoritos, daqueles que influenciariam teus atos diários e não ficariam longe de ti por nada no mundo. É, outro dia também sonhei que eu era um nada no mundo, só uma sombra boba que te perseguia torcendo para que a chuva acabe antes que você saia da aula, que lembres de comer direito, e que eu, como um nada mundo que te amava a ponto de não se importar com viver só desse amor, torcia mais ainda para que em um minuto de um dia qualquer, por um motivo besta ou um daqueles pensamentos que a gente esquece logo depois que pensa, você me sentisse ao teu lado e sorrisse para o espaço vazio. Nessa hora eu deixaria de me nomear como nada no mundo, começaria a ser a personificação de um romance perfeito que só não poderia acontecer porque eu ainda não existia. Mas no sonho, você chegou a tocar em mim e transformar-me em algo teu, como as coisas que levasses contigo deixando um espaço que para mim era invisível, e que agora é o mais vazio e importante do quarto. Assim, passei a ser alguém que não tinha nem passado, alguém que aprendia a andar a cada passo seu.
Com o tempo, fui tornando-me mais cúmplice ainda desse amor todo, sem lembrar do nada que era antes de ti (ou decidindo não pensar nisso), somando cada detalhe das vezes que você me fez sorrir sem saber, ganhei o nome mais lindo, que é o som da tua voz pronunciando qualquer palavra. Isso, estarei atenta ao som. Pouco me importa a quem você irá dedicar as palavras, tudo o que dizes soa e vai soar sempre como minha música favorita, tão importante e doce... Até mais do que te enxergar, e sempre, sempre vai ser assim, com certezas de olhos fechados. (E o sempre, sempre vai ser dois para nós).
Acordo, e sem perceber tento lembrar de como eu era antes, para cair na real das coisas reais que me rodeiam... Noto que ultimamente só sento como você se lembrava que eu fazia. Que casacos aparecem na minha mochila como mágica do meu inconsciente. Que minhas mãos de tanto procurar pelas tuas, perceberam que você existe alí no meio dos poros da minha pele, assim às vezes me pego andando de mãos dadas comigo mesma, eu sorrio pro nada. Esse nada/tudo é a nossa história, é amor, é o que eu precisava te contar, é o que me tornei a partir desse amor, é falar sem mais delongas, te amar sem esperar respostas de como isso foi acontecer comigo como um nada (gosto mesmo de pensar que nada disso tem explicação). A única certeza que tenho é a que não se pode mudar, que não te espero, amor. Eu vivo com você todo dia, e sempre, sempre sentindo essa coisa nova, de ser sortuda só por ter o teu sorriso para mim, às vezes, assim, mesmo sem saber... E me sinto feliz, só por poder te contar o quanto senti tua falta quando não sabia teu nome mas já te amava com minhas certezas da tua existência vindas pelo vento, aonde quer que eu fosse.

3 comentários:

Marco Antonio disse...

Eu tô num estado inexplicável, diante da beleza dessas palavras.. Não consigo definir o que houve comigo ao ler isso tudo..
COMO É LINDO! E estou sendo sincero!

Amei esse texto.

Tenha uma boa semana, Etienne

Cláudia I, Vetter disse...

tenho certeza que do que falas é algo que não conseguirei ler saudavelmente, e as coisas já não estão fáceis por aqui;
aguarde, meu bem. eahuehe

não deixe de ver:
http://riot-act.blogspot.com/2009/07/nesse-nosso-inverno.html

;)

beijos, te espero lá!
(DIVULGA!)

cláudia i, vetter. disse...

hoje eu li,
e tenho absoluta certeza
desde este fim.

(dói demais vezenquando)

;,)