segunda-feira, março 24, 2008

Dúvida anestesiada.

Meus pés estavam frios, mas não congelando como as gotas de chuva fazendo meus olhos se esquivarem delas e das outras, que haviam dentro deles. A pedra por estar tão perto do abismo parecia longe da realidade do que realmente aconteceria. Eu não iria mais à frente, pelo mesmo motivo de odiar parecer tão sentimental, um desequilibrar dos meus passos e o som do último violino viraria harpa seguida de vozes familiares. Isso não era necessário, mas essa dúvida constante sobre a pedra, meus pés e os passos era o que eu queria.
Mesmo sabendo a resposta de meu corpo inérte ao mar, minha mente me levava a sentar e pensar a respeito. Enganando a si prórpia, imaginando que quem avistasse a grande pedra agora, pensaria que é um caso sério de amor perdido. Talvez encontrado, e intenso demais para quem molha toda a roupa de chuva sem se importar, mas fecha os olhos antes das gotas de dentro saírem.
Por vezes eu pensava nos sentimentos dos abismos anteriores, e como a dúvida dos passos fazia menos sentido. As conquistas eram mais valiosas que os passos.
Olho para meus pés e eles já estão quentes, a tormenta congelante se foi. E antes de pensar em qualquer coisa, ainda de olhos fechados vejo folhas e um all star branco, de um dia em que os passos iam em busca de um abraço. E que as lágrimas salgadas como a água do mar que trouxe a dúvida, estavam lá dentro pulsando felicidade, assim saindo e lavando todo o rosto mascarado de sempre, sem mais conquistas, porém conquistado.