segunda-feira, outubro 15, 2007

Para ti eu canto, por ti eu danço, em ti eu lembro.

Transformo-te em escrita pois a cada dia mais fragmentos de você se vão. Mas se te encontro, em ti vejo todos os dias não aproveitados por mim. E nesse desencontro de agora, é mais difícil do que parece, o esforço para não esquecer algo que nunca pensei que deixaria de ter comigo. 

A armadura de linho já não nos protege desse esquecimento sem escolha. Cada faca que nos atravessa quando passamos sem nos perceber, faz mais forte a cicatriz. Chegará o dia em que nem notaremos mais a dor, e a esperança se perderá afogada em tantos dias de espera.

 Assim o grande portal se fecha como uma piada contada várias vezes. E completamente inerte a tudo isso estamos nós tendo alguma coisa nos entretendo, tentando disfarçar o verdadeiro segredo do que acontece por trás dos passos em direções contrárias.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Escrevo.

Escrevo sobre dor, sobre o que se passa por dentro, sobre o que não passa, sobre a dor de dentro. 
Tento me contar como tudo surge. Tento compreender, saber porque dói tanto, porque preciso da escrita.

 A tinta da caneta pode sentir minha dor e angústia entre o plástico e os poros de minha pele. Aperto forte, até minha garganta abrir, formo palavras e invento idéias até meus olhos secarem. Fujo de mim e me esqueço esclarecida. Tomo uma dose de medo que não conhecia, e despejo o vômito em linhas confusas.

O porquê escrevo pouco importa a mim ou a alguém. Assim como minha dor, minha garganta inflamada de raiva, pouco importam a quem os proporciona.