domingo, setembro 30, 2012



segunda-feira, setembro 17, 2012

Ela tinha uma vontade repentina de gritar todo dia em que acordava. Tinha também um súbito desejo de voar para outra cidade onde ninguém soubesse seu nome... Fazia parte do grupo das pessoas mais inexplicáveis. Inconstante, poderia mudar de roupa cem vezes antes de sair, mudar de bebida preferida, de planos, de boca para beijar...
Mas um murmurio insistente hoje ecoa em seus ouvidos o dia inteiro, é aquela leve brisa de humanidade que sente como chuva fina. Ela que gostava de pensar que encara a vida sem remorso por nunca fingir, agora sente frio igual a todo mundo.

Hoje quando acordou, escreveu: "Já estava na hora de voltar, de deslizar os dedos pela caneta assoprando para longe as nuvens que escurecem o meu céu. Já estava na hora de voltar, de deixar registrado aqui o quanto é difícil fazer de conta que não senti falta de escrever..."

Rele a frase e encontra-se distante de tudo o que foi até hoje. Não consegue mais descartar a hipótese de que está se reinventando. Sente medo de perder a poesia dentro de si, se perder a solidão que sempre a acompanhou.

"Mas não era isso que você queria? Amar e esquecer essa vida de escritos vazios?" Diz pra si.


Não, não era isso, nunca vai ser isso... Ainda uso minhas reticências...