quinta-feira, janeiro 21, 2010

Tô aí, mas fico aqui.

A menina de chapéu de feltro e pés descalços sai de casa novamente, ela procura pela grama que se escondeu no inverno desse lugar. Procura pelas pessoas que em outros verões a mostraram o que é ter saudade. Faz força para escutar novamente a música dessa cidade, e vai delicadamente entrando no contexto batendo devagar os passos no chão, e descobre-se parte de tudo aquilo.
Florianópolis tem um pouco de cada pouco que ela já teve. Pensa como seria bom se te encontrasse de novo, diverte-se com a ideia de que ainda moras na mesma casa e que logo topariam pela rua de pedra. E as coisas pareceriam mais fáceis como se nada tivesse acontecido depois de vocês. Ela vai dizer que nunca deixou de usar esse chapéu, vai dizer que às vezes pensava em voltar. Será mentira. Caberá a ti escolher o rumo dessa situação. Mas a vinda é sincera, o pedido será sincero, e o choro nunca foi forjado.
A menina sabe que é fácil ficar onde tem esse sol que não dói na pele, só por não estar em casa com suas lembranças grudadas na parede, ri e avisa os amigos que não volta mais. Diz que vai te procurar nos antigos lugares. Naquela biblioteca atrás daquele balcão, entre as grades do parque, no mar de manhãzinha...
Ela será uma companhia triste. Mas nunca se sabe. Talvez terá de esperar mais algumas vidas para estar no lugar certo, ou renascer mais forte e menos complicada, menos intensa. Verás nos olhos da menina que ela não conseguiu, sem saber o quê direito, verás o fracasso em sua boca. E a vontade, a vontade que chegou agorinha de ter alguém por perto novamente, de sentir a pele de fora para dentro, a fará ter momentos da mais pura felicidade. Ela irá explicar-te que foi porque precisava, e que está voltando porque precisa, e você a deixará ficar até que se cure.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Reticências, omissão intencional do que se devia dizer ou não (2).

Tentando encontrar um canto pro meu sono no meio dessa bagunça toda, imagino como seria estranhamente interessante pôr fogo em tudo agora, porque sei bem que só nos queimamos se houver a intenção (mesmo inconsciente) de apaga-lo depois. A cada dia, um novo soco na cara me acorda antes de poder completar qualquer sonho...
Entre as venezianas desse quarto o dia passa, e fico me perguntando onde estão as pessoas que também sentem-se assim quando saboreariam o tempo como uma chuva de minutos, tempestade que assusta.
Entretanto a simples lembrança da tua partida e a promessa da tua chegada me fazem voltar ao meu corpo, onde eu sempre procurei algo que, com certeza, está entre teus dedos, ou nos intervalos da tua respiração... Isso, me encontro em ti, como no tempo em que estás pensando em versos pro meu sorriso, ele já é todo teu.
A minha existência tornou-se um simples detalhe do que representa a nossa ligação e o que o teu canto faz comigo... Por isso estou bem, mesmo com os dias chovendo nossas lágrimas de minutos distantes, poucas pessoas já amaram tanto aponto de não ter medo da morte por se sentirem sempre acompanhadas.