quarta-feira, abril 29, 2009

"All is full of love".

Daqui desse muro, consigo ver as ruas se interligando e as luzes dos faróis que deixam rastros escuros. Por onde você viria?
Escuto passos de gente que chega sem falar, e gente conversando tão alto que o som ofusca qualquer outro. Mas você não, virias silenciosa, talvez saindo de todas as ruas, de todas essas lojas e bares, de dentro daquela casa azul, atrás daquela moça dos óculos vermelhos... Nessa noite isso é completamente aceitável. Na verdade não sei como ninguém mais te vê vindo de todas as direções... Ou então por que todos se apressam? Não tem sentido te procurar em locais específicos, sendo que é só olhar mais de perto cada detalhe ao redor de si.
Não me angustiaria te esperar a noite toda - já o faço - é que sei que virás, sei que virás...
Aperto forte contra as mãos o livro rosa que você me deu, e sinto que estás chegando, e que ninguém duvide, porque eu sei que em um minuto, uma hora, ou um ano, você estará no lugar do livro, e eu não olharei para direção nenhuma a não ser para mim, dentro de ti.
Por enquanto, te sentindo e te vendo em tudo sem motivo concreto a não ser a personificação do meu amor, e mesmo que as linhas do meu caderno sejam boas ouvintes, me pergunto baixinho: "Por onde andas, Mariana Tavares?"

terça-feira, abril 28, 2009

Escrito em algum dia de outubro.

Você, que insiste em manter segredo sobre coisas sórdidas e acaba se escondendo dentro do que mais lhe torna especial para alguém... É a mesma pessoa, que sente tanto medo de perder que acaba matando aos poucos os rastros de fora para dentro. Acaba desligando o telefone porque a pretensão que ele toque vai te fazer mal. Pagando agora o preço por se manter inerte quando precisaram do teu movimento.
Você, teve que modificar tudo, e não foi difícil. Eu pelo quarto, sombras na parede, os cds que têm que ser trocados toda hora ou o silêncio do vazio que havia entre nosso toque seria evidente demais... Tudo completamente destrutível, - para ver que não sou um mal irremediável -.
Mais tarde com certeza vão te dizer que era um caso sério de amor não correspondido, e só isso. Passarão a não ligar para sua aspereza e indiferença vista a olho nú por questões emocionais. Perguntarão por diversas vezes, se já te desfizesse das minhas partes sólidas em tua vida, e aí então te dirão que todo o resto passa, e é isso, acaba-se nisso. É o fim que de começo esperavas, é a mentira que nos contamos sendo dissipada na parede agora, aquela parede que fiz questão de pintar de novo, para que nada do que tivemos, escape e me toque novamente.

quarta-feira, abril 15, 2009

Em nenhum outro lugar.

Eu sei que o vento fininho vai desintegrando o que sobra do meu existir, e de mim, lembras cada vez menos. Ah se soubesses o tamanho da tormenta que acontece mesmo em dias calmos, que faz tudo ao meu redor flutuar até bater rápido contra meu corpo, se eu pudesse te contar meus anseios sem que pareçam tão pequenos... Não, existem mais coisas nos intervalos de letras batidas do que o que acaba sendo escrito, coisas pequenas que cabem na palma da sua mão, é só olhar mais de perto.
Eu vou te dar a mão, sem intenção de repentinamente largar, esperando uma resposta dos teus olhos. Demora para saber assim o que alguém precisa, e como se desculpar do modo certo, por isso é uma pena que marcas passadas fiquem tão nítidas em mim agora. E não adianta correr, existem correntes que duram kilômetros. Essas que se você olha para trás e ficam mais resistentes, e se tentas quebrar o sangue e a dor só te fazem lembrar que vives com isso em suas costas, e pesa.
Mesmo vendo em você minhas novas ações, a calmaria, uma estrada mais curta... Ainda não escapo de ser puxada pras velhas escolhas, pela corrente que marcou o corpo e segue ele. Essas são minhas estúpidas defesas contra quem não é inimigo. E ver que não acreditas, continua sendo minha parte de vidro...

terça-feira, abril 14, 2009

Hoje é arriscado demais...

sexta-feira, abril 03, 2009

Toltchok.

Agora me diz, vou ter que colocar todas as coisas para fora de novo? Ah não fosse teu desejo inquieto de fazer-me entender-te, até pensaria que de caso pensado querias parecer mais viva enquanto morta.
Essa criança que não entende bulhufas de desde sempre não ser considerada uma parte da tua existência, não existe. Então me diz, onde empilho as minha tentativas de sempre te incluir no que não queres fazer parte? Em que lugar longe desse teu egoísmo as coisas se compartilham e a preocupação teatral não enoja ninguém? Não sabes, justamente porque nunca sabes nada sobre verdades.
Meus anos sem a tua presença física faziam arder cada vez mais a ideia de ficar atenta a todo ensinamento posterior que viria de ti, quando teu corpo se fizesse pseudo-presente. Não arriscaria conter traços de toda essa frieza, sabe? Não sei onde foram parar minhas noites planejando rotas de fuga dos teus abraços... Só que os anos passam... E sei que me dediquei a uma miragem perfeita do que nunca tive. Mas você sempre vem e dá um jeito de lembrar o que me policiei por tempos para não esquecer, que o corte é mais fundo onde nada foi realmente perfurado.