sexta-feira, dezembro 16, 2011

http://www.novoarquivotemporario.blogspot.com/ Sobre o que não coube aqui...

É de se entregar, o viver.

Não quero que você sinta a cada novo encontro que precisa concertar meus olhos para manterem o foco nos teus. Não quero te ver perseguindo meus passos se eles não seguem em ritmos iguais aos de mais ninguém, que não os dela.

Não precisa me chamar porque sei exatamente como vai soar meu nome saindo da tua boca. Não existe mistério que me faça questionar como será uma manhã contigo. Não há vontade que me faça mover meu mundo em direção ao teu nem de mais ninguém, que não o dela.

Nunca soube tanto sobre mim a ponto de ter certeza que serei o descompasso da vida de toda e qualquer pessoa, que não for ela...

Então boa viagem a quem segue, porque eu parei. Não existe fala ou toque que me empurrem às linhas de retrocesso que existem nos corpos que já tive como caminho, porque não são as linhas do corpo dela, e nunca serão.

quarta-feira, novembro 30, 2011

Então se perguntou se isso não a lembrava nada, esse silêncio de solidão num quarto desarrumado... Respondeu como faz normalmente às suas vozes internas, fechando os olhos antes que caísse na tentação de refletir sobre o que vê e entender que existem coisas que são normais só pra ela.

Fez de conta que não entendeu o que significavam aquelas palavras pelo chão e logo viraram só os livros que esqueceu de guardar. Arrumou a cama tapando os ouvidos para não escutar o perdão dos lençóis...

Essas coisas que ela faz normalmente sem soltar os seus gritos internos, levaram-na para longe de escapar do mundo que criou:

"O mundo constrói todos os dias uma estrada onde o caminho é muito curto para se chegar a qualquer lugar, onde não existem curvas nem dúvidas e eu ficaria sempre perto do que quero deixar para trás."

Assim essa garota, sem saber estar inválida, acaba a oração encostando a cabeça sobre sua vida, vendo ela passar...

quinta-feira, novembro 17, 2011

Cega saudade.

Os olhos dela remetem o suicídio que seus sentidos fazem quando ela me disse que não escreve mais. E sabemos que tudo aponta para o desespero quando seus pés tremem parados por saberem que não podem mais seguir os meus.
Começou a procurar soluções de problemas que ainda não existem, por isso anda olhando para além do que os olhos alcançam, "torna-se cego quem não se contenta com o que vê" eu falei, mas ela não entenderia, concentrada no nada...
Fecha os olhos e resgata teus sentidos mortos, sente todos os teus órgãos novamente e faz meu toque na tua pele acontecer de novo, coisa que pulsa de dentro, que faz os olhos verem o que não alcançam abertos, e volta a enxergar.

segunda-feira, outubro 03, 2011


Ela é uma vida que arde numa mão sempre gélida, um sorriso que surge e os olhos não acompanham. Toda palavra soa como uma privação de grito. Parece construir, a cada passo, a doença do desencontro consigo mesma. Não tem reflexos, nada surpreende alguém quando seu mundo foi levado para um sofá e a única coisa que amedronta é o insistente discurso alheio sobre algo que nunca entenderia, sobre vida...
Sente o tempo encostar nela e isso dói. Vai enfraquecendo os pulmões com fumaça, os olhos desaprendem a chorar, as mãos não buscam outras e a boca não reconhece a própria voz... Assim os órgãos vitais vão, aos poucos, desistindo desse corpo que não se move.
“Wake up, take your pills dear, I know this time of year ain't right for you...”

quarta-feira, setembro 21, 2011

- Falta um dia, certo?

- Um dia pra quê?

- Pra qualquer coisa na sua vida, sempre falta um dia. É triste.

- Certo, é triste.

- E como esse dia nunca chega, posto que é a falta dele que o torna concreto na tua mente...

- Amanhã faltará mais um dia...

- Quis dizer que ele não existe.

- Então...

- Então não falta nada.

- Malditos espaços em branco.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Prazer, meu nome é...

Ao longo dos anos dei vida a olhos que enxergam só o meu mundo, e não achei que algum dia fosse ver cores novamente. Precisava superar a fenda ainda encoberta de dor, entre a criança que nasceu sem nome e quem sou hoje. Não suportando mais olhar para dentro e transparecer a escuridão em tudo que vejo, peguei na tua mão e comecei a esquecer o que queria entender. Encostei meu rosto no teu e comecei a acalmar minhas pálpebras para acostumá-las com a tua luz.

Invadistes as horas em que fico de olhos fechados achando me reconhecer, e é tão silenciosa e cheia de dúvidas minha escuridão que acaba sempre em um círculo de respostas inconclusivas (que agora não fazem mais sentido)...

Não sabes, mas divido o quarto com um espelho que nunca me viu, e hoje pude reconhecer, pela primeira vez, uma parte minha nele... Era teu rosto iluminando o quarto, e eu não consigo pensar em mais nada depois disso

segunda-feira, agosto 22, 2011

Tranca a porta mas deixa a luz acesa meu bem, que na tua ausência perco-me onde tu não imaginas o quão cedo escurece.

quarta-feira, agosto 17, 2011

- Agora volta a dormir, que estou aqui...

Encontrando um lugar só meu entre teu pescoço e teu ombro, falei sobre amor nas palavras que foram surgindo em forma de toque.

Fiquei por meses desenhando na tua vida o meu rosto, e agora vê-lo no sorriso dos teus dias é como me sentir sempre em casa.

Conversando contigo fiz questão de falar devagar para que entendesses aos poucos que as flores que saem da minha boca demoraram uma vida para ter esse perfume que só tu consegues deixar fluir... E para que notes que nada a meu respeito virá de outro jeito a não ser assim, sentindo sem muita explicação, natural como abraçar alguém depois de um pesadelo...

Tento te dizer em meio a todo esse conjunto de palavras que falham e aos meus tímidos silêncios, que hoje sou essa saudade que aparece nesse texto, no meu abraço, enquanto sigo meu dia, toda hora... Mas quando teu sorriso procura meu rosto para se mostrar reflexo dele, lembro do quanto tenho sorte em sentir saudade de algo tão seu, tão meu...

quarta-feira, agosto 10, 2011

Vento seu, dentro dela.

- Difícil ter para onde correr quando faz frio em toda a cidade...

Repetiu a frase por anos, e por isso ela sempre esteve de partida. Nem o eco das mil vozes gritando seu nome poderiam reter os passos que não precisavam encontrar um caminho certo, só continuar em movimento...

E o que é isso agora? Essa calmaria toda... E eu, que sou ela, fazendo as pazes com o silêncio...

Hoje, encostando a palma de uma mão na outra, ela assopra devagar entre elas, e sente o calor que consegue reter dentro de si. Sorri pro mundo como se estivesse pronta para algo grande, como se não faltasse nada a ser dito, ou como se tivesse parado de procurar explicação pra tudo.

Ficou ali, sentindo o vento quente que saí da sua boca, imóvel, concentrada nos dias que havia perdido correndo tanto, buscando eles de volta, agora que sabe, sempre existirá um lugar que o inverno não pode tocar.

domingo, julho 24, 2011

Não saberás se aquela foi a última carta que escrevi, ou se aquele foi o ultimo beijo com dor de saudade que dei... Mas (e isso eu que sei), entendes até hoje que às vezes continuarmos vivendo já é o bastante.

quinta-feira, julho 07, 2011

O inverno mais quente e o mais frio.

Esse é o inverno mais frio de propósito, e acumula tudo que é indispensável no teu abraço fácil como respirar.

Tremo para escutar teus passos quentes vindo até onde estou, e te chamo para ver no teu sorriso todos os traços que descrevem um “sim”.

Faço perguntas em silêncio que deixo tua boca responder, também sem voz, conversando com a minha noite a dentro.

E eu que descarrego milhares de explicações por uma lágrima que aconteceu, virei só silêncio e sorriso, nossos silêncios e nossos sorrisos...

sábado, julho 02, 2011

Quando o tempo voa e a gente não envelhece.

Existe um descompasso cardíaco que abriga toda a escuridão no peito dela empurrando cada vez mais pro fundo.

Lê o que lhe escreveram e não sabe que horas são mesmo querendo tanto ver o tempo passar... Logo pensa em fazer de conta que se conhece, que as explicações das palavras no dicionário fazem sentido, que nada dói sem motivo (acaba chorando escondida dela mesma).

Então fechou seu tribunal de pequenas causas não sentindo o mesmo entusiasmo por mudar alguém, ficando literal demais parou de poetizar um mundo que encantava os que conseguiam vê-lo.

Por fim encontrou uma carta que não saiu do rascunho, uma indicação de livro que não leu, algumas falas de filmes que nunca viu, e jogou tudo fora apagando novamente as luzes. Agora que não se vê mais nada no quarto acha engraçado sentir-se protegida, como se estivesse dentro de si, como se não precisasse tanto entender concretizando, como se fosse fácil sentir sem contabilizar... Mas lembra: "O tempo voa e continuo não sabendo que horas são", e isso faz do mundo silêncio e insônia.

Sabe-se que ninguém perguntará porque seus olhos estão fundos, ou porque anda mais quieta... E eu sei, que às vezes a falta dessas palavras é sua dor invisível.

domingo, junho 26, 2011

Pressa.

Ela jogou o rosto contra o meu e fez esses dias claros virarem noites temporárias, deixando as promessas para quando tivermos fôlego. Encontrou em mim uma fome que tenho de fazê-la perceber o quanto a quero distraída pra surpreende-la, e assim me viu por dentro.

Todas as palavras de agora que tem o tom de sua voz, saem da minha boca quando pareço saber sobre o que falo.

Não posso deixar de sentir essa estranheza de tê-la encontrado em mim antes de vê-la com esses olhos de agora (esse é de todos os invernos, o mais doce).

Existe uma calmaria que não nos cabe a dúvida de estarmos esperando um tempo mais frio, para que o mundo gélido de dois corpos seja além de doce, certeza quente num abraço daqueles refúgios literais.

segunda-feira, junho 13, 2011

Editar.

Respira mais alto escondendo esse medo de viver algum risco. Encontra tua calma na confusão que vem comigo. Deixa minha voz ser promessa de sol, deixa ao menos eu prometer...

domingo, junho 12, 2011

Queria que você me visse agora...

Queria que você me conhecesse agora, te convidaria para as coisas mais simples, tudo ao nosso alcance. Contaria minha vida não como quem compõe uma música, mas quem canta sem pensar se está soando estranho. Estaria contigo não me importando se para isso às vezes fosse preciso não estar ao meu lado, não existiria orgulho que cessaria meu sorriso ao te ver chegar.
Queria que você viesse agora, pra ver como fico nervosa com a ideia de não voltares. Queria te tocar agora, pra você sentir no meu jeito algo que pararia o tempo, que te faria cega dos meus defeitos, que te daria a certeza de que tudo mudou e agora é o tempo pra dizermos que é pra sempre, porque tem coisas que não mudam.
Queria que você me visse agora, agora que é puro o que sinto, agora que não me importa se não estarei entre teus sorrisos, agora que só preciso que eles aconteçam.
Queria que você me deixasse chegar perto agora, um pouco perto, muito perto, às vezes perto, sempre perto, o bastante pra eu me apresentar...
Queria que você me visse agora, e o quanto eu quero que te tire um sorriso essa leitura, meio sorriso, uma vontade de sorrir, o bastante pra pensar em voltar...

sábado, junho 11, 2011

Repara.

Diz bom dia para a manhã num sussurro e fecha os olhos procurando descansar dessas noites mal dormidas.

Aperta os travesseiros contra os ouvidos e tenta conversar consigo mesma, procurando saber quem está alí entre vozes que nessa hora a boca imita soltando o ar quente de um abraço retido, e o corpo se vira como se o outro lado do quarto tivesse todas as respostas.

Esse meio sorriso só dura quando a ilusão é mais aparente, quando o que sabe-se dela fica tão escondido que os olhos alheios nem tentam mais decifrar. E no fim ela sabe que é porquê não se repara nada quando é justamente o nada que se expõe. Seu vazio expresso nesses momentos é o que mais a caracteriza, e enfim sua face toma o mesmo formato do papel que representa.

Existe um momento em que tudo fica quieto e o mundo esclarece seus medos...

Fala então num grito que escorre em forma de choro: "Dorme garota, já que é tarde e ninguém vem, já que é dia e ninguém te espera, já que você não se encontra mesmo..."

terça-feira, junho 07, 2011

Aperto os lençóis e eles gritam teu nome...

domingo, junho 05, 2011

Sobre o que é teu.

Entre as luzes acesas a noite chegou, e o frio vem com esse vento doce que me remete o cheiro da tua pele... Todo vento que me toca hoje, deixa essa sensação de brisa tua, quero dizer.

Agora sinto o escuro da noite sem medo de prolongá-lo no sono, se nele te encontro, sem medo de despertar pro dia, se te tenho aqui (me pego abrindo todas as janelas).

Encontrei algo meu que esteve escondido numa ideia tua sobre quem sou, despertando a certeza só nossa de que todo vento agora virá suave e viciante (estes que saem das nossas bocas, e entre palavras de sussurros chegam cada vez mais perto de se encontrarem em versos que ecoarão no silêncio de um beijo).

quinta-feira, maio 19, 2011

- Escuta... O que ouves?

(Ela fecha os olhos)

- Teu rosto.

quarta-feira, maio 18, 2011

Ficou tarde...

Ficou tarde pra escrever no dia depois que o viu, mas cada palavra voltou pela manhã...

Lembrou de ter acordado procurando objetos familiares pelo quarto, e sem sucesso, estranhou também o rosto que se tornara seu.

Enquanto os passos pareciam movimentos involuntários na mecânica do seu dia, aquela estrada finalmente mostrou algo só dela.

Fazia tempo que não o via, e logo veio à tona a ultima conversa dos dois, e também como é bom sorrir de algo que já doeu...

Observando-o, tocou uma mão na outra e sentiu-se em casa.

Engraçado como pensava mais nele quando disse que precisava ir, do que nos anos em que estiveram por perto.

"Às vezes o fim vem antes e depois inventamos um." - Escreveu mentalmente.

Não disse nada, nem precisava, prometeu manter-se desapegada daqui pra frente... Como se a gente pudesse escolher essas coisas...

domingo, maio 15, 2011

Fica.

Entretendo meus dedos riscando uma linha minha no teu pescoço, não pude notar como nos aproximamos rápido. Eu não via mais as horas, e precisava sentir os minutos para saber quanto tempo faz que já não importava o tempo...
De tão perto nossos corpos, de tão precoces e longas nossas falas doces, minhas linhas se apagavam facilmente enquanto já parecia ter passado uma década do teu lado e eu mal te conhecia. Ficaram velhas as novidades, ficamos sem jeito de fazer perguntas posto que já tínhamos nos escolhido.
Dez dias eram uma vida, e estava cansada por não saber quanta saudade eu poderia criar de você, que parecia nunca ter estado em outro lugar.
A gente precisava se perder, só por isso se perdeu. Essa é a parte mais engraçada. Fiquei por um tempo imaginando se você também ria quando pensava nisso, se é que pensava nisso também...
Agora vejo que nunca saberia o quanto sentia tua falta, até você voltar.

segunda-feira, maio 09, 2011

Cheia de vazios.

Retém esse suor garota, olha o sol que se põe e vê que a batalha está perdida. Só você procura na sombra alguma razão para não enxergar isso.
Teu amanhã é anteontem pra mim, teu riso é som de cidade cheia. Nunca estive por perto e agora você se sente longe demais?
Não faz sentido teu coro noite a fora de toques no telefone, de recados em vozes alheias, nada que tem teu nome fará algum dia ser revivido por mim.
Econtre outro corpo e faça de rua pra tua caminhada, alinhe-se. Permaneça num ritmo que os pés aguentam.
De tanto medo que tinhas em eu querer ser uma ilusão pra ti, inventasse ela sozinha.

quarta-feira, maio 04, 2011

Uma foto sobre a cama.



Escuta agora porque tem palavras que não se repetem mais... Preciso de um lugar seguro para ti, preciso que entendas que os dias passando deixam os próximos cada vez mais sem ar.

Você deveria sentir como é lembrar de um sorriso impresso e perder a pontuação na fala, perder o compasso e tropeçar, colocar as mãos sobre olhos para não perder a visão seletiva... Estou contigo nessas horas, mais do que entre essas paredes que sustentam a ideia de intervenção ao natural, mais do que entre rostos familiares que só dão ênfase a minha fuga pro teu sorriso...

Já tive que te tirar de perto em horas em que o tempo pesa na cama, já te entreguei a outros olhos quando os meus precisavam saber se não eras uma mentira, por ser tão bela...

Agora, escuta sem pressa, porque essas palavras vou repetir a hora que você quiser... Tem um lugar no meu corpo, que te abriga com a certeza de que em cada respiração tudo em mim te sente.

Deverias ver as cores que agora surgem quando desenho teu rosto, quando imagino teu gosto e não me perco mais. Não és mais fuga se pra onde vou sinto como se estivesses me levando. Não é mais forte o desejo de te ver do que a felicidade de ter essa possibilidade me seguindo, conto as horas que flutuam leves sobre a cama e sobre a tua beleza, minha verdade preferida.

domingo, maio 01, 2011

Vem e me acorda que não consigo mais saber se já é dia. Vem que meu olhos ardem e preciso, mais do que nunca, despejar toda essa dor antes que vire outro câncer.
Corto um pedaço de pele e sangro pelo quarto escondendo as pegadas da noite, querendo esquecer, querendo tanto esquecer...
Vem, me leva pra casa, me mostra algo só meu.

sexta-feira, abril 22, 2011

Como é estranho dizer-te todas essas coisas agora, depois da surpresa de ter certeza que, não é nenhuma surpresa estarmos aqui.
As cores do teu corpo entre as linhas que traço são luzes, e o que era só risco no papel, virou carinho.
Dentro de uma distância que se mede em anos, dos passos que nos distanciam não nos cabe a corrida, conto os desencontros como se fossem quilômetros e agora pareces morar na casa ao lado, caminho devagar até tua boca.
Como é bom saber que, o mais simples é estar certa de que existe uma vontade mútua de nos vivermos, de tornar todas essas sensações um retrato bonito, e por isso te ter agora.
Durmo e acordo com esse texto, com frases soltas que escapam de expressões minhas e seguem desconhecidas por ti, enquanto não seguem os teus olhos. Mas reconhecerás cada palavra em cada instante comigo e em nossas fotos sempre de chegada . E a saudade que virá depois já reconheço agora, e como é estranho dizer, que isso também não me surpreende...

domingo, abril 17, 2011

http://refugioliteral.blogspot.com/2008/02/para-no-acreditar-acreditando-estar.html

terça-feira, abril 05, 2011

Bom dia... Tanto faz.

domingo, abril 03, 2011

Sede.

Existe uma sede que não me deixa dormir. Mas a água sempre foi desculpa para te ver chegando com um copo de boa noite, que já não me satisfaz sem passar pelas tuas mãos... Parece que, em cada gole, bebo aos poucos a tua ausência na minha vida. Tive consciência disso quebrando minhas próprias regras sobre nunca te deixar fora do meu dia. E essa sede só tende a aumentar, posto que estou bebendo toda minha saudade, e tão só...

quarta-feira, março 30, 2011

Esqueço a hora que marquei, perco papéis importantes, chove em mim o dia inteiro. A pele reclama de frio, a cabeça avisa que durmo pouco. Os cabelos caem nos olhos, os óculos se arranham cada vez mais. Me esforço pra um não sei o que, reclamo de algo que não vejo. Não encontro nada nesse quarto, fico de costas para o público.
Deixando hoje para amanhã, sigo apressada antes que de tão desatenta mude meu caminho. Mas já visses essa foto, já assistisses esse filme...

domingo, março 27, 2011

Depois a gente ficou muito tempo procurando um jeito de dizer que não sabíamos o que falar, mas a voz fazia falta...

Leia em voz alta.

Eu não me releio.

Então não escreves para se reconhecer?

Se fosse assim, seria só um pensamento.

Mas são pensamentos escritos.

São registros de onde me perco.

Não deixam de ser seus.

A não ser que eu os releia.

E essa mentira funciona?

Até eu precisar de provas que sim, funciona.

sábado, março 26, 2011

Se acaso você chegasse...

Tranquei a porta mas deixei um aviso nela, se acaso você chegasse.

Quero te mostrar onde me publico, e até colei letras minhas por toda parte da casa pro caso dos teus olhos se desprenderem dos meus...

Letras que dizem de onde venho, nada sobre onde estou indo porque lá não tem você.

Por isso a única novidade é minha vontade de ver-te tirando dúvidas sobre mim, ficando cada vez mais clara as certezas sobre nós.

O meu mês favorito está chegando, e escrevo também pra te traduzir o sorriso, se acaso você vir com ele.

quarta-feira, março 23, 2011

Salto.

Existem dias que acontecem algumas vezes por ano. Aqueles que ninguém escreve sobre individualmente, que são lidos como uma época que não percebemos nem começar, acabando... Mas tudo tem hora e data, e passei por um desses ontem.

domingo, março 13, 2011

As pessoas na rua.

Entre um passo e outro, existe um murmúrio insistente que mesmo se confundindo com os demais, consigo ouvir separadamente. É na voz rouca que vem minha vontade de chegar mais perto da senhora pensando falar sozinha. Depois, é dentro do choro da criança que busco as palavras que ela ainda não sabe dizer.
Procuro entre risadas alheias razão para rir também. Atrás da chuva nos óculos do garoto, o que o faz tremer se eu não tenho frio. E entre as cortinas de uma vida em família, encontro a fineza do laço cheio de remendos.
No meu silêncio, ando em alguma rua conhecida na esperança de encontrar algo novo, que vem e deixo passar por tentar compreender tudo antes de sentir qualquer coisa.

quinta-feira, março 10, 2011

Era uma vez um final feliz...

Na tua boca, sinto o meio amargo do chocolate. As tuas mãos nas minhas, no meu rosto, entre o doce minuto em que não vemos o tempo passar, me fazem esquecer que o mundo gira, e coloco reticências atrás de nossas vírgulas,...
Era uma vez, digo olhando pros teus olhos fechados, um final feliz que eu não quis ter. Mas juro frente à tua pele que parei de usar o mundo como projeto de ciências, que quero sentir, observar teu olho avermelhando-se junto ao rosto nu... E me detenho num abraço selando nosso trato, é diferente agora, eu já perdi demais para perder você.
Deixo de lado essa tua cara de quem não me entende,e tiro de ti um sorriso que faz tudo claro: Primeiro vamos andando, depois vamos amando,...

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

...

Digo: Te escolto até em casa.

Depois escuto: Até amanhã.

Penso: Não sei o que estou fazendo aqui.

,

Escuto: Bom dia.Vens?

Digo: A que horas preciso ir?

Penso: Não sei o que vou fazer por lá.

,

Escuto: Qual deles?

Digo: Compra o verde.

Escuto: Que bom que você está aqui.

Penso: Silêncio.

,

Digo: Existem mais cores...

Escuto: Silêncio.

Penso: Não vou dizer até amanhã.

,

Digo: Não sei o que estou fazendo aqui.

Escuto: A que horas preciso ir?

Penso: Te escolto até em casa.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Já chegou o maestro...

Tentando reger o coro, mas parou o seu trabalho gestual e começou a conversar compulsivamente...

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Displicência...

Entre um dia e outro, você surge nas noites de insônia, fazendo-se presente em tudo o que não me deixa relaxar.
Entre um soco e outro, o corpo só dói depois que silencias o quarto. Mas tua casa não vai me reter por muito tempo, um gigante está crescendo.
Acredito que até tu confias nas mentiras que contas sobre nosso sangue, mas não somos iguais, e o ácido dentro de ti anda corroendo os órgãos.
Nenhuma doença se dissipa quando o organismo a julga parte do corpo, e é tão você toda essa loucura violenta, que agradeço por ser mais um câncer expelindo.
Encontro uma brecha entre uma discussão e outra, para sair disfarçando minhas marcas tuas, deixando intactos meus traumas ateus.
Já vimos essa cena antes, e a cada dia mais a resistência se monta na minha frente, com mil exércitos prontos para um grito que o mundo escutaria.
Eu imagino como é viver sem medo, e por isso não há tranca que me mantenha entre tuas paredes.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Inerte.

Mesmo com tanto calor, ela não conseguiu tirar a roupa.

E por mais que quisesse. nem o maior sono permitiria que fechasse os olhos.

Se pudesse dormir, torceria para não acordar mesmo no seu pior pesadelo.

Mais tarde, o peso que fez os ombros doerem deixou marcas de unha, como se fossem avisos.

O copo quebrado não a fez juntar os cacos, o tecido estampado não a fez rever as cores.

A música não a fez tremer o corpo, o desejo não a fez dar um passo sequer.

O encanto não resgatou o sorriso, o medo não a fez recuar.

As ideias perderam o juízo, a arte estava ausente no mundo.

Nos toques nada se sentia, em fotografias não via a mesma eternidade.

Por isso, guardou sua voz para algo grande, e ainda está alí calada, esperando alguém lhe fazer a pergunta certa.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Vai, vai discursando tua nova vida... Você anda tão perdida... Como quem defende os fracos condenando os fortes à mesma dor... Assim não estamos falando de equilibrio, falta a ti a compreensão de igualdade. E em controvérsia constante, vejo-te deixando-me como espectadora, sem pensar que teu show já passa para uma sala vazia de mim.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

E de ti, o que tens?

- Eu me sentiria melhor na vida se soubesse que você está bem, só.

-Eu me sentiria melhor na vida se você soubesse que isso é egoísmo, daqueles que te fazem perder o foco da escrita, posto que é só isso. É acomodar-se com um mistério. Sempre quero saber o que tens de ti, além do que sentes por hora...

- E de ti, o que tens agora?

- Mais ou menos 12 escolas, 5 grandes escolhas, algumas marcas no corpo, uns dois amores e uns riscos que não corro mais. Tenho uma forte lembrança de quando alguém me pediu para ver cores de olhos que sempre foram negros, e só entender anos mais tarde. Tenho uma mágoa que insiste em me por de pés firmes no chão gelado, e um segredo que levita meu corpo enquanto durmo.

Tenho mais reticências que um texto permite, sou um drama de propósito. Vejo perguntas em pontos finais alheios, encontrando em mim uma falha genética.

Enxergo diariamente meu medo de ter inteligência barata, e não conseguir parar de resolver cálculos matemáticos como prova real inconsciente sobre mim.

Estou armada até os dentes de tudo o que acredito, e atiro.

Especialmente hoje, sinto falta de um lugar verde, de um apartamento e apertar o 10º andar, da voz noturna cheia de histórias, de alguns chapeis e algumas vitórias, também de não dormir sem rimar... E, para a conversa fazer sentido a ti, estou bem sim, mas isso é o que menos importa, tendo em vista o que poderias saber antes de eu te dar boa noite cheia de fragmentos mais exatos.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Às breves ações, abreviações.

Com a boca vou escrevendo falas soltas no tempo entre ouvidos de quem escutar. Nunca foi tão bom sentir saudade disso, que é sentir-se entregue a si mesmo depois de uma viagem.
Aqui tudo ficaria propositalmente confuso o roteiro desse meu pensamento. Tudo inconclusivo para você ter que ouvir em frase breve, em movimento, sem brilho difuso de tela, minhas abreviações em atos que dão sentido a tudo.
Nunca estive tão ausente do meu refugio. Não quero me explicar fluindo, quero que venhas comigo.

domingo, janeiro 02, 2011

Não sei bem onde voa essa música que ontem soprava lá fora...

Não sei bem onde voa essa música que ontem soprava lá fora, que batia na janela ansiosa por mim. Certamente solidificou-se na parede que vou pintar essa tarde, porque o pensamento de alguém que ama não consegue ser um só e desloca-se com facilidade solidificando-se nos objetos, espero limpar essas sutis respostas com tinta. Não quero mais pensar em pensar nela e no que me foge sabendo que é nela que vou encontrar depois, talvez anos mais tarde.

É visível em meus olhos o porquê dos passos apressados, mas os deixo descansar pensando sobre nós, às vezes. Lembro de sua voz, de suas feições e imagino uma cena que não existiu, posso sentir o cheiro que faz minha lágrima ter gosto.

As pessoas dessa casa, hoje me provocaram risos porque uma pedra vista de perto pode ser tão estranhamente ilária, nunca notei. Até me surpreendi vendo chover sem entristecer-me com tantas gotas sem gostos, e por ninguém entender o quão só é achá-las tão idênticas e frias. Aqui não importa, porque meu pensamento já não cabe mais em uma lágrima, nem nesse rio que escorre do céu. Cabe na dança da garota pela cozinha, que embala o braço do menino homem que prepara a comida, fazendo do piso palco para a platéia atenta formada por mim e pelo gato. Eles não notaram o animal ali, justamente porque não existe divisão de seres, aqui se compartilha o que é ser humano. E a vontade de escrever é a única coisa que me impede de sair lá fora e sentir meu corpo queimando, numa chuva que purifica e dói de tardia.

Não posso mais ser duas enquanto ela não entender o vazio que me traz, a alegria que me traz, e as vontades que vão me fazer ir com eles, viajando pelos prazeres da estrada, até esse alguém que personifica meu amor, estiver pronto para me dar a mão. Talvez nunca esteja, e esse desencontro seja encontro para outras coisas em nossas vidas, ela me trouxe aqui. Ela que vai me fazer sair da cidade, e ela é aquela música soando na janela, e presa entre a tinta da parede, te preservo minha, meu amor. És meu amor de tão seu ele ser. Não vai deixar de ter esse gosto, porém não procurarei mais os segundos que saem do relógio de pulso pela casa vazia, espalharei por aí, divertindo-me com dança de cozinha.

Sabendo que meu tempo ainda é todo teu, aguardo-te fluindo.

Sirius B.