sábado, julho 02, 2011

Quando o tempo voa e a gente não envelhece.

Existe um descompasso cardíaco que abriga toda a escuridão no peito dela empurrando cada vez mais pro fundo.

Lê o que lhe escreveram e não sabe que horas são mesmo querendo tanto ver o tempo passar... Logo pensa em fazer de conta que se conhece, que as explicações das palavras no dicionário fazem sentido, que nada dói sem motivo (acaba chorando escondida dela mesma).

Então fechou seu tribunal de pequenas causas não sentindo o mesmo entusiasmo por mudar alguém, ficando literal demais parou de poetizar um mundo que encantava os que conseguiam vê-lo.

Por fim encontrou uma carta que não saiu do rascunho, uma indicação de livro que não leu, algumas falas de filmes que nunca viu, e jogou tudo fora apagando novamente as luzes. Agora que não se vê mais nada no quarto acha engraçado sentir-se protegida, como se estivesse dentro de si, como se não precisasse tanto entender concretizando, como se fosse fácil sentir sem contabilizar... Mas lembra: "O tempo voa e continuo não sabendo que horas são", e isso faz do mundo silêncio e insônia.

Sabe-se que ninguém perguntará porque seus olhos estão fundos, ou porque anda mais quieta... E eu sei, que às vezes a falta dessas palavras é sua dor invisível.

2 comentários:

cláudia i, vetter disse...

isso tudo me fez lembrar: ''No fim das contas, passos e falas consomem a noite lenta e frustrada, e resolve-se o dia seguinte despertar-me com tua voz me chamando para a realidade, mas eu estava acordada muito antes, quando não te sabia do meu lado. E eu olho para o relógio e digo: agora é só eu, e você.''

e o tempo distinge o que o vento sopra e os olhos reconhecem... siga, querida! ;)

Chris Coper disse...

a dor invisível pode parecer estúpida embora ainda seja uma das que mais nos consome