A noite parece a mesma de início... Os postes iluminam os mesmos rostos que estampam as calçadas da rua São Paulo. As mesmas conversas, as mesmas insinuações representando interesse pela tua boca garota. Ainda reconheces aqueles olhares curiosos que invadem teus olhos, mas não queres mais jogar.
Todos aparecem exatamente nos mesmos lugares de onde você os deixou. Então, te questiona garota, por que te sentes tão deslocada?
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Sentou-se.
Na rua, na praça, na mesmice de ideais vestidos de couro.... São carcaças que se julgam minoria.
Começas a entender que são minoria porque não mudaram nada. "São estátuas que se movem", pensas.
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- Não pode ser só isso, eu sentia falta daqui. Parecia tão real essa saudade...
É o que resmungas fumando um dos teus vinte melhores amigos e... Espera garota. Você reconhece aquela face que não te abraça! E você mal conhece aquela que te aperta os ombros como se fosse ontem anunciado o fim dos tempos!
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Espera, lê o mundo com calma que tem algo desentoando do contexto. Caminha devagar entre os corpos...
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Por fim, constatasse o que não querias admitir. Com certeza existe alguma coisa nessa água que queima na garganta que não reflete mais o teu rosto.
[Calma, circula calma.]
Você sabe que a inspiração voltou. Mas não... Não deveria ser só isso. Não queres só escrever. Não te sentes viva.
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Hoje me tornei personagem atuando fielmente detalhe a detalhe do que algum dia fui. E entendi tudo.
É, sou eu, a garota. E esse "tudo" é só meu.
O que posso dizer é que voltei para casa, mesmo vindo do lugar que algum dia chamei de lar.
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De repente lembro do que alguém disse atravessando a rua, alguém que já desfrutou de mais momentos comigo que qualquer namorada, que qualquer amigo... Essa pessoa que cuidava de mim a sua maneira falou:
- Gostei do cabelo.
Essa pessoa continuou o seu caminho.
Não sei se foi porque o meu caminho não segue mais o dela, ou pelo simples fato dela não ter vontade de cruzar alguns toques de carinhos comigo mas...
Me veio uma imensa vontade de raspar tudo.