quinta-feira, julho 17, 2008

Despedida do que vai ficar para sempre.

Venho falar sobre o que choro agora, sobre o que não entendo mas que acaba sendo tatuado por dentro, sobre o que desespera o corpo, sobre como ele não para de se contrair...
É o que todo mundo espera desde o começo, o fim. É o que atinge os órgãos vitais de tal maneira que você começa a se dilacerar por fora para não ter que pensar no que corrói por dentro.
É a forma mais difícil de passar os dias, em sofreguidão pelo amor romântico, em rebeldia pelos dias perdidos, tentando cessar o fogo que não deixa de arder quando como algo, ou tento sorrir.
É tentar resistir, escrever coisas lindas sobre pessoas que não existem, ler contos de finais felizes, ver o nascer do sol atrás do copo de bebida. Mas se torturar travando ao escrever sobre o quê não se sente, chorar de inveja das pessoas do livros, se jogar cada vez mais no vale escuro com as atitudes insanas de uma criança sem lar.
É o esforço para andar, um pé de cada vez, empurrando o corpo junto, arrastando os braços consigo, aqueles braços que já não me servem mais para nada, aquele corpo que vira um fardo e acaba se deitando em qualquer lugar para deixar a mente tomar conta de tudo. Enquanto o coração chora pelos olhos, a boca se fecha e o esforço para tentar esquecer de tudo faz com que eu nunca me levante.
Acabo virando meio que um zumbi, te carregando nas costas, nas mãos, entre o pescoço, nos braços largados...
Minha garganta pronta para o grito se cala diante da voz que quero esquecer. Sou meu próprio veneno, me esgueirando pelos lugares mais sujos, me escondendo dos meus atos, tentando inutilmente resgatar um pouco da paz que já existiu em mim.

Um comentário:

Cláudia I, Vetter disse...

Engolistes o sal de minha lágrima e jogastes em mim o que ela dizia.
Ah palavras (tuas), ah!.

;********* bonita.