domingo, março 07, 2010

Tudo em tão pouco.

Ela esvaziou os teatros da cidade,e colocou todas as cadeiras no meio da rua . Mandou os cérebros petrificados para casa, e trancou os portões dos estacionamentos com fitas de presente. Desbancou os meus mestres e meus conceitos. Depois fez palco para a criança distraída e mostrou-me passagens que vão além do que sei. Louvou as folhas que já caíram no chão, e obrigou os hospitais em que já estive a abrirem todas as janelas. Fez o vento soar minha música predileta, e expandiu seu cheiro por todas as calçadas a nossa frente. Acabou com o peso da minha mochila, e entreteve tanto meus olhos que minha angústia diária sentiu-se acoada. Parou como quem não sabe o próximo passo que vai dar, e esperou-me decidir, ficou alí flutuando entre as construções que iam desabando ao nosso redor... E isso tudo só com aquele riso entre uma e duas da manhã.

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