quarta-feira, fevereiro 10, 2010

(En)canto.

Antes da dor, entre meu queixo e pescoço ainda sinto a leveza do teu sorriso tranquilo de mãos seguras nas minhas. Deve ser por isso que agora a febre vem em forma de insonia, e o corpo sente isso quando aos poucos vou tirando a roupa na procura insistente pela liberdade que só esse momento me dá. Mas nada acontece quando vejo que agora refletida em mim só há tua voz cansada, tão cansada e pesada que o impacto me cobre de cinza, fazendo-me odiar confessar que sou a mesma, e é porquê agora me vês com teus olhos de quem não precisa de ajuda que pareço tão exagerada...
Tenho me arriscado muito, dando tudo de mim para de repente, só mais uma vez me sentir daquele jeito, aquele que só você viu, e me reconhecer de novo, sem ter medo de tropeçar e perder um orgão vital pela estrada.
Hoje é dia 8 e tudo o que verei me fará pensar nos que já foram, no teu jeito de me fazer encontrar uma surpresa boa aqui e alí.
De tudo que já nos aconteceu, tiro de toda dor e felicidade tanta força, que se fosse algo que se pudesse entregar... Ah se eu pudesse te entregar algo mais do que tudo o que sou, talvez você voltasse a sorrir aquele sorriso que um dia me deu.
Sinto-me tão menor em relação a qualquer coisa, que agora te ver indo embora seria como brisa leve me levando para outro lado, viveria o meu tempo a passos rasos, com o corpo fazendo os pés andarem.
Não tenho mais espaço para tempestades e horas brincando de ping-pong com o teto jogando meus porquês pro alto. Quase enlouqueci te procurando em linhas tuas que de tão sinceras me faziam ter mais e mais medo de nunca conseguir viver sem isso.
Mas eu não sinto muito, não tiraria esse teu poder sobre mim por nada desse mundo, porque és amor, eu estaria em boas mãos até se não confiasse em ti.
Das coisas que já te disse, dos meus dias que te prometi, mantenho intacta cada palavra dentro de mim, para se um dia quiseres aquele refugio novamente...
Entre meu queixo e pescoço, agora engulo o que me dói, ato esse que concretiza minha desistência de viver esperando por algo. Na mesma hora, vejo teu rosto que mal toquei, mas que é o que conseguiria desenhar com perfeição mesmo daqui a dez anos, me sentindo com 18 novamente, a cada traço dado.
És a melhor parte de mim, sei que falo isso a cada estação, porém se torna mais verdade a cada vez que me repito.
Amo você, e dizer isso é a parte mais rasa dessa imensidão toda. Mesmo que agora tenhas mais receios, eu viveria uma vida te esperando e amando cada vez mais te amar, só pelo simples fato de entender que essa é a coisa mais real que já tive. Foi o que me salvou, o que me manteve de pé, e estando você do meu lado ou não, é o que vai me guiar sempre, todos os dias do mês.

Um comentário:

Joanna disse...

A construção, a escolha das palavras, a sequência delas, o cuidado... tudo de uma sensibilidade única que me faz sorrir com o canto da boca.
Gosto de te ler, desconhecida. =]

Um beijo.