quarta-feira, agosto 24, 2011

Prazer, meu nome é...

Ao longo dos anos dei vida a olhos que enxergam só o meu mundo, e não achei que algum dia fosse ver cores novamente. Precisava superar a fenda ainda encoberta de dor, entre a criança que nasceu sem nome e quem sou hoje. Não suportando mais olhar para dentro e transparecer a escuridão em tudo que vejo, peguei na tua mão e comecei a esquecer o que queria entender. Encostei meu rosto no teu e comecei a acalmar minhas pálpebras para acostumá-las com a tua luz.

Invadistes as horas em que fico de olhos fechados achando me reconhecer, e é tão silenciosa e cheia de dúvidas minha escuridão que acaba sempre em um círculo de respostas inconclusivas (que agora não fazem mais sentido)...

Não sabes, mas divido o quarto com um espelho que nunca me viu, e hoje pude reconhecer, pela primeira vez, uma parte minha nele... Era teu rosto iluminando o quarto, e eu não consigo pensar em mais nada depois disso

segunda-feira, agosto 22, 2011

Tranca a porta mas deixa a luz acesa meu bem, que na tua ausência perco-me onde tu não imaginas o quão cedo escurece.

quarta-feira, agosto 17, 2011

- Agora volta a dormir, que estou aqui...

Encontrando um lugar só meu entre teu pescoço e teu ombro, falei sobre amor nas palavras que foram surgindo em forma de toque.

Fiquei por meses desenhando na tua vida o meu rosto, e agora vê-lo no sorriso dos teus dias é como me sentir sempre em casa.

Conversando contigo fiz questão de falar devagar para que entendesses aos poucos que as flores que saem da minha boca demoraram uma vida para ter esse perfume que só tu consegues deixar fluir... E para que notes que nada a meu respeito virá de outro jeito a não ser assim, sentindo sem muita explicação, natural como abraçar alguém depois de um pesadelo...

Tento te dizer em meio a todo esse conjunto de palavras que falham e aos meus tímidos silêncios, que hoje sou essa saudade que aparece nesse texto, no meu abraço, enquanto sigo meu dia, toda hora... Mas quando teu sorriso procura meu rosto para se mostrar reflexo dele, lembro do quanto tenho sorte em sentir saudade de algo tão seu, tão meu...

quarta-feira, agosto 10, 2011

Vento seu, dentro dela.

- Difícil ter para onde correr quando faz frio em toda a cidade...

Repetiu a frase por anos, e por isso ela sempre esteve de partida. Nem o eco das mil vozes gritando seu nome poderiam reter os passos que não precisavam encontrar um caminho certo, só continuar em movimento...

E o que é isso agora? Essa calmaria toda... E eu, que sou ela, fazendo as pazes com o silêncio...

Hoje, encostando a palma de uma mão na outra, ela assopra devagar entre elas, e sente o calor que consegue reter dentro de si. Sorri pro mundo como se estivesse pronta para algo grande, como se não faltasse nada a ser dito, ou como se tivesse parado de procurar explicação pra tudo.

Ficou ali, sentindo o vento quente que saí da sua boca, imóvel, concentrada nos dias que havia perdido correndo tanto, buscando eles de volta, agora que sabe, sempre existirá um lugar que o inverno não pode tocar.