sábado, agosto 28, 2010

Então tu viesses...

Desenrola o cabelo do pescoço e encara o frio desse vento que te faz sentir o meu perfume. Escuta o som do mundo, e o que ele fez para estares aqui tornar-se-á escrita nos muros da cidade, dentro do caderno na tua letra, entre o que quero que saibas sobre mim...

Relaxa, ninguém pode falar de si sem falar sobre outro alguém, pesadelos são mais reais quando estamos sozinhos, e a gente já se cruzou sentindo a mesma coisa... Descanso o corpo como se ele estivesse no ar segundos antes do suicidio, poesia concreta.

Faço-te uma casa, abro-me para um abraço, deixo estar o que me é mais importante, e permaneço aqui.

Enquanto discursas teu gosto, percebo o quão finita é a linha entre a tua boca e o que dizes. Chego mais perto para esquecer a fala.

Estamos esperando você ir embora, estamos encontrando as palavras certas para deixar isso claro. Estamos certas de algo que não é dito, quero dizer.

O que me fez ficar, mesmo com tanto sono, é a ideia de que logo nos remontaremos sem essa parte que surge quando você fala e eu penso. Guardo aqui nesse texto, como uma caixa de remédios no armário.

Por hora viro-te pra ver o que vejo, e logo nos desencontramos porque não consigo tirar os olhos do teu rosto. Enquanto tu achas que estás sozinha no que pensas, estou me tornando parte do teu corpo, para ver através dos teus olhos o que eu não conseguiria ver com os meus, quero dizer.

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