A verdade que vos fala vem despindo-se aos poucos, diante do teu olhar prescrutador. A verdade de hoje não é a mesma de anos atrás. Mudará daqui pra frente, mas quer você assistindo cada quebra de linha.
Paro, em algum sonho costumeiro dessas noites que te espero, longe o bastante para que vejas todo o meu corpo, perto o bastante para que sintas a vontade que pulsa em mim dos teus passos, certos do que fazem, me alcançarem como por instinto.
A boca que te fala sobre amor é a mesma que já te renegou pela dor de dias contados no calendário. Os olhos que choram saudades tuas são os mesmos que se fecharam diante das necessidades óbvias que vinham na tua voz, tão egoístas degustando escuridão... As mãos que agarram o vento e te sentem, são as mesmas inúteis que os outos vêem vivendo sozinhas sem teu rosto por perto. O sorriso sincero, presente aos teus olhos, é o mesmo que enfraquece e perde a graça, quando a boca que fala sobre amor te renega na dor da espera. Quando os olhos, já secos do choro da saudade, te vêem cansada e de voz fraca, o vento cessa. E as mãos confusas soltam-se do braço e dão murros contra a escuridão. E por não conseguir ver teu rosto, o corpo inteiro se cala, numa verdade silenciosa que só entenderia alguém humano demais.
A verdade que vos fala, dentro de si te eleva, te vê desabar, te invade, aquieta-se em confusão, mente tão cheia dos seus motivos verdadeiros, se debate em mínimo espaço, e voa contigo a lugares lindos que viraram as certezas que temos. A verdade que vos fala, te juro, susurra todas as promessas de sempre entre as reticências que abrigam o "nós".