quarta-feira, maio 20, 2009

Escolhe.

  • Levanta o vidro fumê que assim eu consigo ver meu rosto no retrovisor, e ele não me deixa duvidas das marcas dela em mim...
  • - Vamos tirar todos os papéis importantes do porta-luvas e jogar na primeira lixeira que virmos.
  • - Mudando a direção involuntariamente, entrando em ruas que dão em ruas, e jogando fora tudo o que é palpável e ruim.
  • Não paro de tossir, e você acha engraçado o modo como meu cabelo mexe quando espirro. Não paras de rir, e acho lindo o fato das tuas mãos suarem quando teu nervosismo não se sustenta mais sozinho....
  • O muro de repente parece uma escolha silenciosa e mútua. (Nos embriagamos na certeza de estarmos pensando a mesma coisa).
  • - Não poderia ser assim, eu escreveria antes.
  • - E de que adiantaria isso aos outros? De que adiantasses até hoje?
  • Recitas para mim estrofes de poemas que nunca lesses. (Tentas me manter a flor da pele, para que a excitação da velocidade do carro não suma junto com os meus olhos distantes de tudo).
  • Rindo de certezas doloridas sobre mim, e ironizando teu passado sério, não nos cansamos de montar e remontar nossas vidas em voz alta.
  • - Lembrarás da voz dela e os caminhos na tua cabeça sempre te levarão para essa mesma sensação.
  • - O que se faz nos dois últimos minutos em que se vive? (...)
  • Estacionas.
  • - (...) É. Pensa-se nas consequências.

sábado, maio 09, 2009

"Por você, por ninguém, nem por mim."

Poderia falar agora, sobre as ondas que vem e vão de socos contra o meu próprio queixo. Fazer uma descrição exata da corda bamba em que ando, tropeçando aos poucos nos nós que preparei antes de erguê-la... Mas prefiro explicar logo esse meu estado meio amargo por outros meios que não te confundam.
Lembro de chegar em casa e ver a cama desfeita ainda com a marca do teu corpo, e o cheiro que ficou por dias não me deixava cair na realidade. Essa mesma doce agonia, me fez em vários instantes ficar com medo de olhar no espelho ou tirar uma foto e ter um fundo vazio de você.
Sentindo-me instável demais para olhar por cima dos fatos e calcular soluções, caí em cima delas e afundei-me em mil caminhos. Talvez hoje com isso tudo, eu venha a esquecer dessa coisa doida de como fazes falta, enquanto estás aqui.
Fico a espreitar-te na janela também, olhando o céu, imaginando que a árvore no centro da janela deveria ter teu nome, tanto que te vejo lá. Talvez logo me apaixone por ela.