Dois dias e o rosto já não esconde o cansaço. Não existe água que passando pela garganta limpe a sujeira que passa a escorrer pelos olhos. A fumaça, por sua vez, desce como nuvem cinza de temporal. O sorriso que busca não preocupar quem está ao redor, faz as bochechas doerem. E quando a noite se faz real, podendo eu sentir a sua respiração, no minuto de alívio a febre aumenta.
Busco-te nas coisas mais simples, as que guardei de você pelo quarto, pelo meu corpo... Mas ao olhar minhas mãos sobre a luz opaca do que se faz presente, percebo a ilusão e os dias tristes intermináveis, a coléra volta.
Não ponderando bem os fatos, ago com ímpeto e acabo me perdendo nas mesmas lamúrias. Olhando os teus rastros, encho o copo antes de perder o fôlego tropeçando novamente em você. A festa dos outros não contagia, a prosa alheia é desiteressante.
Quantos dias mais, os olhos se afundarão no rosto e os braços serão um peso extra ao ombro?
Eu não conseguia, até agora, recordar-te e a dor não ser de uma saudade empolgada...
Nunca foi tão difícil, imaginar cada coisa trivial do teu dia-a-dia, me perguntando se está sendo dolorosa tanto quanto escrever isso. Mas por estares mais em mim do que em qualquer outro lugar, te confirmo que a espera preocupada não chega a ser mais forte do que o contentamento de ter te conhecido a tempo de estar passando por tudo isso com você.