sábado, janeiro 17, 2009

O que eleva e abate.

Dois dias e o rosto já não esconde o cansaço. Não existe água que passando pela garganta limpe a sujeira que passa a escorrer pelos olhos. A fumaça, por sua vez, desce como nuvem cinza de temporal. O sorriso que busca não preocupar quem está ao redor, faz as bochechas doerem. E quando a noite se faz real, podendo eu sentir a sua respiração, no minuto de alívio a febre aumenta.
Busco-te nas coisas mais simples, as que guardei de você pelo quarto, pelo meu corpo... Mas ao olhar minhas mãos sobre a luz opaca do que se faz presente, percebo a ilusão e os dias tristes intermináveis, a coléra volta.
Não ponderando bem os fatos, ago com ímpeto e acabo me perdendo nas mesmas lamúrias. Olhando os teus rastros, encho o copo antes de perder o fôlego tropeçando novamente em você. A festa dos outros não contagia, a prosa alheia é desiteressante.
Quantos dias mais, os olhos se afundarão no rosto e os braços serão um peso extra ao ombro?
Eu não conseguia, até agora, recordar-te e a dor não ser de uma saudade empolgada...
Nunca foi tão difícil, imaginar cada coisa trivial do teu dia-a-dia, me perguntando se está sendo dolorosa tanto quanto escrever isso. Mas por estares mais em mim do que em qualquer outro lugar, te confirmo que a espera preocupada não chega a ser mais forte do que o contentamento de ter te conhecido a tempo de estar passando por tudo isso com você.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Quero que você fique sabendo (faz de conta que não sabe) ...

Nesse momento consigo ver o que a partida de seus traços (agora tão familiares) me fariam sentir. Te recordo por meio segundo, e na cortina entreaberta vejo um feche de luz que representa dia após dia, minha nova espera.
Ligo a TV baixinho e se fecho os olhos mergulho nos lugares onde você completou o espaço vazio, percebo que tudo já parecia dez vezes maior a medida que ias se despedindo.
Quando a tranca do meu quarto não sustenta o peso da porta, o vento que sopra para dentro tem cheiro de realidade distante. E qualquer música que ouse interromper meus pensamentos, enquanto viaja por entre as ondas sonoras se modifica e vira a voz que me arrepia, que me deixa sem jeito... Nada ouço, além de você, em meus ouvidos.
Seria muito estranho dizer que a distância só nos trouxe mais proximidade? Seria muito dramático dizer que lembro dos teus traços levemente desenhados pela água que escorria, vinda do querer tanto... E quando passaram pelos meus, marcaram a pele de um jeito que nenhuma chuva de horas poderia apagar?
As cartas que por ventura chegarem, no papel trarão a maciez do teu toque, também o jeito que me olhas enquanto minhas pernas se mexem e meus olhos procuram um porto seguro, longe de toda a excitação que me trazes com um simples movimento de cabeça, e você ri me segurando firme com os olhos, me deixando no alto com teu abraço, me sustentando sua, com uma palavra.