Não sei de onde vem toda essa aversão que sinto agora. Não sei de onde vem meu desgosto, meu gesto falho ou incoerência. Mas tenho certeza de que nada vai sumir tão cedo. Ontem foi como se eu tivesse que fazer força para respirar. Como se uma tonelada fosse carregada por mim dia após dia, e eu só a visse depois de já estar sangrando.
O que eu escuto já não faz tanto sentido assim. Por vezes me perco entre minhas limitações. Esqueço com facilidade enorme qualquer coisa. Não preciso mais da força de vontade insistentemente me deprimindo cada vez mais. Agora as correntes ficam no meio da escada, enquanto eu subo até o último andar, vou me desprendendo.
Tive a impressão por alguns segundos que esse sol que me faz fechar os olhos talvez esquentasse meu corpo gélido sem direção.
Meus pés tão cansados de correr, sem hora marcada, sem porquê, doem mais do que meu peito nunca sincero. Eu me perdi por entre seus cabelos, voando e contornando minhas idéias.
Se pular, logo minha voz não irá sussurrar em mais nenhum pensamento, o toque será esquecido e o olhar perderá o sentido. De que vale descer?
O vento piora, e o calor também, espero a chegada da noite. Talvez se eu fosse mesmo pular, não traria papel e caneta, ou não estaria transbordando por dentro.