quinta-feira, julho 19, 2007

Renúncia de pessoa à adesão às conseqüências punitivas que seriam justificáveis ou não. Perdão.

Tanta gente correndo junta, eterna falta de olhar em volta. Prenderam-se a certos rancores difíceis de superar, mas não impossíveis de esquecer. Em vez disso esqueceram tudo o que os cerca, por vezes o óbvio. Negligenciaram a roupa constantemente suja que são. Ocultaram o desmascarar diário, o lutar sem regras. De repente as pessoas me parecem tão mais óbvias, tão mais constantes, tão mais fáceis de se lidar e manter longe quanto antes.

Simplesmente abrem os olhos que fingem ser poderosos, mas sempre caem na mesma história infame, enganam-se sempre pela mesma percepção esdrúxula e desvirtuada da vida. Assim como desvirtuo minha mente com o céptico olhar. Assim como alucino minhas pernas em vão sempre que viajo por estas estradas, uma estrada imagética. Assim como saio à noite sem hora e local marcado, para tentar me manter inerte ao dia.

Não há muito o que salvar, mas resta acima de tudo, aquela capacidade de ternura. Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado, de pequenos abusos que não consigo lembrar, por mais que eu tente e precise disso. A sanidade total viria a seguir, quando eu me possibilitar de reconhecer essas cicatrizes internas e externas. Eis que o assunto muda de face e me encara de frente, olhando lá no fundo, remoendo o passado esquecido por ser tão doloroso. Tentando quebrar o muro que eu mesma construí para certas lembranças.

Mudando de tom a cada dia, alternando as diferentes fontes do saber, acabando com o que resta dessa magia de conhecer alguém, quero ficar só. 

Não vou sentir-me anestesiada por estar entre membros da mesma espécie caótica e desinteressante, vou generalizando e juntando os corpos para o muro de minhas lembranças ficar ainda maior. Por benevolência ao que nem sei, eu já me sinto pior ainda. O desengano não faz parte dos meus planos. Já que o indulto do que nem lembro é impossível.

As luzes dessa foto brilham me fazendo ver que mesmo em muitos meses duvidosos, esse segundo de silêncio e de perda total das incertezas vale por anos.

2 comentários:

Cláudia I, Vetter disse...

E é bem nessas horas que eu acredito que somos um só... dizeres diferentes expressaram o mesmo peito e o mesmo lacrimejar de olhos quase desvirtuados pela pré-conceituação, mas extremamente felicitados por ainda se avistarem tão bem ecoados...

Ótimo texto.

;*********

Cuide-se, t+.

michele. disse...

o poder que você tem de sempre me fazer refletir, e pensar, por mais preguiça que eu tenha.

:*