quarta-feira, agosto 01, 2012

Interferência pró-ativa de memória fracassada.


Uma chave dentro de uma caixa que é aberta assim que a decepção chega de novo aos meus ombros, destranca a gaveta que revela minhas fotos antigas. Ando pelo quarto espalhando meus retratos por ele... Preferia não vê-los, eles me fazem sentir uma saudade cada vez maior da menina nas fotografias. Mas percebo em mim a necessidade de me encarar, de olhar para cada uma dessas que fui e dizer que sinto muito... Elas parecem um amontoado de coisas boas vistas separadamente, mas no fim, borro cada vestígio de sorriso quando meus olhos se enchem das lágrimas que eu já esperava que caíssem.

Outra vez essa casa está toda sobre minha cabeça, outra vez passo por esse grito interno, outra vez essa sensação de "minha vida tem se baseado em histórias que me conto sobre o que ela deveria ser" invade cada poro da pele.


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Deixei o corpo dela quebrar minha existência em pedaços. Diversas vezes tive que remontar minhas partes vitais para continuar respirando ao seu lado, e juntando primeiro os pedaços que me deixam de pé, acabei esquecendo os que me deixam feliz.

Esperei que ela visse os detalhes que faltavam nesse meu corpo incompleto. Fiquei treinando minha memória para resistir a toda a decepção recente para lhe dar mais tempo. Esperei que ela me fizesse sentir de novo como a menina das fotos, como fazia antes... Mas não, existe uma certeza que me invade agora, e que constrói novamente o muro que foi quebrado para que não ficássemos separadas... Ela nunca quis estar comigo, mas as circunstâncias vieram como boas desculpas para estar.