Estive mentindo sem saber, quando pensei entender o que eu falava sobre mim naquele tempo.
Um ano ou dez, quantos quilômetros andei? Nenhum centímetro com meus próprios passos.
Então eu venho pensando em você dirigindo sozinha, e não faz sentido tudo fazer sentido só agora.
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Chegas devagar me fazendo perceber que o tempo não fez nada por mim. Vejo meus dias voando pela janela e ninguém os segura, são brisas insignificantes.
E podes dizer que é muito fácil falar, e que tem um milhão de estrelas que concordam contigo. Mas elas também estão sozinhas.
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É quando te vejo chegando e todas as cicatrizes, ao redor do meu corpo, não doem mais aos meus olhos... Assim entendo o quanto eu só olhava para elas antes do teu rosto me causar maior efeito perturbador.
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Estou olhando para mim, de novo, cegando-me para ver por dentro. Sentando aqui jogando conversa fora com o espelho, tento distrair a visão enquanto não chegas. Mas só consigo pensar no que tu vês, no que está vendo agora, com esses teus olhos inseguros.
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E cada dia que eu disse que queria ser alguém diferente mas não hoje foi apagado da memória junto com todas essas coisas que flutuam ao meu redor sobre quem eu era. Elas caíram no chão, dando-me adeus.
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As pessoas pensam que o tempo tem algo a ver com elas porque não conseguem ver o que eu vi naqueles olhos inseguros. E um milhão de estrelas que os escoltam até em casa, tiram fotos do seu rosto, que recebo em forma de sonho.
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Então acordo pensando em você dirigindo sozinha, e não faz sentido tudo fazer sentido só agora, com apenas um feche de memória...