Enquanto todos dormiam ela tentava arrancar os olhos que de tão fracos já eram supérfluos ao rosto. Sua insistente insônia de corpo cansado a faz bailar trôpega pelo quarto, escolhendo os pensamentos que não geram gritos.
São claros os sinais que essas noites proporcionam, e de tão óbvios ninguém os questiona, mas por essa obviedade toda também não são aceitos. A menina cansou desses sucetivos impasses das pessoas normais de não entenderem as coisas mais simples, os desabafos sem fala mais sinceros. Queria ela fazer desse problema uma hisória bem bonita, onde existiria a dúvida da loucura inérte no papel, e por fim, o próprio leitor chegaria a essa conclusão sem expecificações, por meio de frases de impacto. Porém ela entristece só de ter essa ideia, não a da história em si mas de ter que aceitar agora algo mais complexo, aceitar que as pessoas precisam de problemas armados, tentativas de suicídio, dramas noites a dentro para entenderem enfim o que está ali, intacto há anos e sempre tão certo como a fome que virá. Precisaria agora, complicar tudo para descomplicar-se, agir como vê que se deve, parar de acreditar nessa besteira toda de silêncio esclarecedor.