Hoje não posso medir palavras, até porque a borracha já se foi, com medo de borrar minha sinceridade em dizer que estou realmente arrependida de não gritar. A tinta da minha caneta pode sentir a dor do grito contido por entre o plástico e os poros da minha pele. Aperto ela forte até minha garganta abrir. Susurro com o olhar que de repente eu posso desistir de escrever, mas acabo desabafando com o papel até meus olhos secarem. Fujo de mim e me esqueço esclarecida. Tomo uma dose a mais de dor renovada e despejo o vômito em linhas confusas. Espero que os borrões mostrem as partes que eu não soube esconder direito. E que as vírgular não colocadas, demonstrem o quanto corri para tentar me envolver em algo que sei, perdi em algum lugar em que nunca estive. Naqueles lugares em que me imagino sempre só.
O outono desse ano explode para mim como um canhão de palavras ásperas, doloridas e sangradas. A verdade é que preciso de mais tempo para não querer mais tempo. Quero mais liberdade para me aprisionar. Preciso cair no chão para ter novamente vontade de voar. Gostaria de ter de novo a angústia de caminhos errados e vida confusa para engolir e digerir a perfeição que vem com você.