Não posso tentar ver além do óbvio enquanto para ter meus olhos atentos
for preciso que você os veja também. Não existe possibilidade de caminhar em
frente enquanto eu precisar dos teus passos como modelos pros meus. Nem penso em
abrir os braços enquanto não for para receber teu corpo. Não, não existe
respiração saudável enquanto tua partida me deixar desse jeito. E é infeliz
qualquer pensamento que não solte suspiros pela boca de um futuro junto com o
teu.
Fecho os olhos.
Com o corpo paralisado procuro pela liberdade de não precisar correr para longe a fim de sentir-me livre... Sei que é necessário mais tempo para os poros entenderem
que precisam expelir você em forma de suor, e minhas retinas permitirem que
essas lágrimas caiam de uma vez.
Faço minhas mãos
encontrarem meu corpo, e a
cada toque, apago uma lembrança tua.
Estou sozinha outra vez, tentando lembrar de quem eu era antes de esquecer das certezas que
tinha sobre mim. Procuro desesperadamente por um ponto de equilíbrio, por
uma corda bamba que me faça arriscar a caminhar sobre tudo isso.
Despejando todas
as minhas reflexões pelo quarto vejo que as respostas são as próprias perguntas
que me faço.
Destruo simbolicamente o
que tu és para mim, porque o peso de te carregar sozinha não me deixa perder
essa dor nos ombros de abraços ausentes, essa dor nos ouvidos que teus silêncios me causam...
Lembro-me do quanto é mais fácil fingir que é assim mesmo, que esse é teu jeito e que no
fim tudo vai passar... Pois é, nessa de "tudo vai passar", de repente
o que passe é esse amor.
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