segunda-feira, outubro 29, 2012


Passo o dia suspirando e sorrindo para a câmera que esconde aqueles olhos castanhos. E as fotos acabaram mostrando mais do que deveriam.
Desde que começaram a existir na minha vida, os dias de folga quando estou só, são sacrifícios semanais. Nesses dias vejo pessoas tentando chegar perto de mim, e as imagens entram pela retina com o único propósito de aquecer o coração. Porém, confrontam-se com a imagem do meu amor perdido, que está por trás dos olhos. Então qualquer outra que se arrisque a entrar, só vai até ali. 
E tudo, só vai até ali. Ninguém entra enquanto esse amor não se dissipar, enquanto uma foto minha não dizer mais do que todas daquele dia: "não vejo a hora de saber o que estou fazendo aqui...".

terça-feira, outubro 23, 2012

C.G.

Há muito tempo atrás em dois universos particulares, houve um terremoto de palavras tão grande, que nem os meses de calmaria e silêncio fizeram desaparecer os escombros pelas ruas. Esse terremoto mexeu o mundo todo de duas pessoas, as peças caíram nos lugares errados, e agora ninguém lembra onde é o lugar certo de cada coisa. E de tanto procurarem seus lugares e não encontrarem, essas pessoas já não sabem mais quem são.

Enquanto o mundo vai se desajustando cada vez mais, e o desespero por não saber se estão procurando no lugar ou nas pessoas certas, ou se sabem o que é certo, ou até se ainda sentem alguma coisa, invade o peito tão forte que o grito de uma, um dia talvez ecoe no ouvido da outra, como um dia cantaram:
 I know I'm so far away but you can put this song to play...

domingo, outubro 14, 2012



Talvez eu já tenha te visto mesmo, num desses sonhos em que a realidade é uma coisa pouca quando se acorda. Pode ser que eu já tenha te sentido mesmo, na brisa leve que acalma meu corpo no vai e vem rotineiro dos dias, em alguma gentileza de um estranho, ou em um abraço carregado de saudade...

A cada encontro com teus olhos, cego-me mais para outros olhares. E fico diariamente sem palavras para descrever o quanto eu já quis saber o que era emudecer-se diante de uma voz.

E ao mesmo tempo é só isso: Eu te esperando enquanto tua vida segue as coisas que achas que devem ser contempladas.

E assim é que a letra foge dos meus dedos e minha voz some da boca. Enquanto o amor toma conta desse corpo cansado, fecho os olhos dando boa noite aos meus rabiscos, cartas e xícaras de café, esperando que amanhã, quem sabe, eu encontre a chave que destranque esses pensamentos de mim.

sábado, outubro 06, 2012

"Mas tu prometeste..."

Nenhum telefone toca, nenhuma mão se estende, nenhuma frase para ser lida, nenhuma voz que vai chegar, o silêncio do quarto a faz cair na real, cair no chão. 

Ela se contorce em dor chutando as paredes, derrubando o espelho, rasgando livros, encontrando em si uma resistência incrível para a dor física quando um a um, os cacos vão rasgando sua pele a fim de mostra-lá que está viva. 

Grita com a boca que treme, o eco de mil pessoas afogando-se em solidão. Conta seus mais secretos segredos como se fossem tão pequenos, mas não consegue soltar a voz e dizer o nome dela... Tenta escrever. Sente raiva do papel, parece que ele sabe que é impossível e ri como todos riem. Ninguém se importa com mais uma cena comum de drama mudo. 

Mais um amor perdido e ninguém se importa. Ninguém liga para a alma das pessoas que vão, pouco a pouco, não conseguindo quebrar o silêncio que o eco de um nome deixa em um quarto. E assim todos morrem.. Perdidos em tentar desgravar o nome de tudo o que vêem. 

sexta-feira, outubro 05, 2012

Não, nem está frio lá fora. Esses casacos que ela coloca na mochila são atos involuntários que não tem a ver com a temperatura corporal. O frio vem de dentro, e os casacos só servem para acobertar o medo que ela tem de descobrir isso.

A insônia produz mesmo essa vontade de pegar o telefone e gritar qualquer coisa, qualquer frase, qualquer choro, qualquer pergunta que desperte a voz do outro em resposta, para acalmar a alma doente.
Mas ela não se arrisca, e encontra-se, mais uma vez, andando trôpega por suas próprias pegadas.