Ah, ela chegará sim. Recitando meus poemas favoritos, e como esse texto, vou amar ser clichê.
Chegará pela manhã, e a tarde surgirá sem percebermos.
Estaremos esperando a noite num ato inconsciente de dormirmos juntas para acordarmos pro sonho de mais um dia de deslumbramento...
Ah, quando a noite chegar ela continuará dissertando sobre sua vida, e eu tocarei seu rosto de olhos fechados para sentir sua voz ecoando pela cidade. É só o que ouvirei: sua voz, sua respiração e seus passos. Não lembrarei do meu nome, esquecerei dos rostos familiares e poderá chover sobre meus ombros, que nada, nada num mundo em que aquele rosto estiver ao alcance do meu corpo, vai desviar meu olhar dele.
Ela chegará sim. Chegará para dizer que muitas outras chegaram desse jeito em minha vida, que não há motivo para o avermelhamento do meu rosto. Dirá que não tem nada de extraordinário, que sua volta será normal. Mas estarei em chamas, estarei vivendo o fim de uma guerra. Direi a ela que espere alguns meses, que estou fazendo as pazes e entendendo o meu medo de perdê-la, que estou confiando em cada traço do rosto dela quando diz que me ama.
Ela vai entender.
Enquanto isso eu continuo no sofá, junto ao telefone, como todos os dias. É como uma promessa transcrita sobre minha retina que fecho enquanto grito: ela virá.
Mas por hoje, realmente será o fim. A última batalha do dia.
Hoje durmo sem querer acordar.
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