domingo, fevereiro 19, 2012

Meia noite e vou para a casa.

A noite parece a mesma de início... Os postes iluminam os mesmos rostos que estampam as calçadas da rua São Paulo. As mesmas conversas, as mesmas insinuações representando interesse pela tua boca garota. Ainda reconheces aqueles olhares curiosos que invadem teus olhos, mas não queres mais jogar.

Todos aparecem exatamente nos mesmos lugares de onde você os deixou. Então, te questiona garota, por que te sentes tão deslocada?

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Sentou-se.
Na rua, na praça, na mesmice de ideais vestidos de couro.... São carcaças que se julgam minoria.
Começas a entender que são minoria porque não mudaram nada. "São estátuas que se movem", pensas.
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- Não pode ser só isso, eu sentia falta daqui. Parecia tão real essa saudade...
É o que resmungas fumando um dos teus vinte melhores amigos e... Espera garota. Você reconhece aquela face que não te abraça! E você mal conhece aquela que te aperta os ombros como se fosse ontem anunciado o fim dos tempos!

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Espera, lê o mundo com calma que tem algo desentoando do contexto. Caminha devagar entre os corpos...
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Por fim, constatasse o que não querias admitir. Com certeza existe alguma coisa nessa água que queima na garganta que não reflete mais o teu rosto.

[Calma, circula calma.]

Você sabe que a inspiração voltou. Mas não... Não deveria ser só isso. Não queres só escrever. Não te sentes viva.

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Hoje me tornei personagem atuando fielmente detalhe a detalhe do que algum dia fui. E entendi tudo.
É, sou eu, a garota. E esse "tudo" é só meu.

O que posso dizer é que voltei para casa, mesmo vindo do lugar que algum dia chamei de lar.

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De repente lembro do que alguém disse atravessando a rua, alguém que já desfrutou de mais momentos comigo que qualquer namorada, que qualquer amigo... Essa pessoa que cuidava de mim a sua maneira falou:
- Gostei do cabelo.

Essa pessoa continuou o seu caminho.

Não sei se foi porque o meu caminho não segue mais o dela, ou pelo simples fato dela não ter vontade de cruzar alguns toques de carinhos comigo mas...

Me veio uma imensa vontade de raspar tudo.

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Parte 4.

O Flash da tua câmera iluminou o quarto por três segundos. E eu consegui ver as tuas cores refletidas no espelho... Entre elas surge teu rosto que não encaro nos olhos, a tua boca que beijo mas não sei desenhar, o teu corpo que amo mas ainda não entendo como se move... Tudo iluminou-se por três segundos. Mas eternizou-se por uma vida. 

Pedirei para que esqueças que por tanto tempo fui tua casa distante, e que me tomes como um gole de vinho nas noites solitárias.

Contarei quantos passos demos até esse abraço, somaremos lágrimas e suor... Até que o espelho seja iluminado pela luz do dia.

Minhas mãos estarão tremendo, meu corpo febril te segurará pelas costas dizendo que te ama. Minha boca te agradecerá por perder o medo de esclarecer o mundo só naqueles três segundos da fotografia tirada, ela dirá "para sempre". E eu te pedirei para casar-se comigo.  

Aí você perguntará: - Quem você é?

E eu responderei que a pergunta correta sempre será: - Quem eu era antes de ti.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Texto rouco.

Ah, ela chegará sim. Recitando meus poemas favoritos, e como esse texto, vou amar ser clichê. 
Chegará pela manhã, e a tarde surgirá sem percebermos.
Estaremos esperando a noite num ato inconsciente de dormirmos juntas para acordarmos pro sonho de mais um dia de deslumbramento...

Ah, quando a noite chegar ela continuará dissertando sobre sua vida, e eu tocarei seu rosto de olhos fechados para sentir sua voz ecoando pela cidade. É só o que ouvirei: sua voz, sua respiração e seus passos. Não lembrarei do meu nome, esquecerei dos rostos familiares e poderá chover sobre meus ombros, que nada, nada num mundo em que aquele rosto estiver ao alcance do meu corpo, vai desviar meu olhar dele.

Ela chegará sim. Chegará para dizer que muitas outras chegaram desse jeito em minha vida, que não há motivo para o avermelhamento do meu rosto. Dirá que não tem nada de extraordinário, que sua volta será normal. Mas estarei em chamas, estarei vivendo o fim de uma guerra. Direi a ela que espere alguns meses, que estou fazendo as pazes e entendendo o meu medo de perdê-la, que estou confiando em cada traço do rosto dela quando diz que me ama.

Ela vai entender.

Enquanto isso eu continuo no sofá, junto ao telefone, como todos os dias. É como uma promessa transcrita sobre minha retina que fecho enquanto grito: ela virá.

Mas por hoje, realmente será o fim. A última batalha do dia.

Hoje durmo sem querer acordar.

sábado, fevereiro 04, 2012

96 folhas formato 140mm x 202mm





Não, hoje não existe qualquer expressão subjetiva minha que não esteja ligada a um laço que se amarra em você.
Não, não é possível que o tempo seja eternamente só sol ou chuva como agora é. Ele vai aprender a ser tempo e me dar idade quando eu tiver um passado com você. Passado com você pelo sol ou pela chuva...

Sim, existe a orfandade explícita em tudo o que transborda em letras minhas... 


Mas eu também sonho enquanto durmo.