Ela está no tom errado, mas é bela. Não se pode dizer exatamente de onde vem. E depois pensa-se que só pode ter vindo de outra parte, de muito longe. É feita da mais completa perfeição, no rosto e no corpo, de modo que tudo o que a toca logo participa, infalivelmente, daquela beleza. Mas está no tom errado, do lado oposto, vigiada esporadicamente pelas luzes passando. Ela dança. Se confunde com as pessoas e passa a dividir sua beleza de forma errada. Noto em sua voz a clareza da ironia. Olha ou não olha, agora tanto faz. Passos falhos e atitudes incertas vão desbotando minhas deduções. Riso forçado à esquerda, abraço falso à direita, dois passos a frente, eis o bar. Ela rodopia em volta do seu mundo, achando ser verdadeiro. Acaba com todas as vontades, gasta tudo e solta um último olhar. Não quero a compreender, nem tentar aceitar nada. Não é minha preocupação. Interessante mesmo é que ela não vale o chão que pisa, mas é bela, tão bela...
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