quinta-feira, maio 19, 2011

- Escuta... O que ouves?

(Ela fecha os olhos)

- Teu rosto.

quarta-feira, maio 18, 2011

Ficou tarde...

Ficou tarde pra escrever no dia depois que o viu, mas cada palavra voltou pela manhã...

Lembrou de ter acordado procurando objetos familiares pelo quarto, e sem sucesso, estranhou também o rosto que se tornara seu.

Enquanto os passos pareciam movimentos involuntários na mecânica do seu dia, aquela estrada finalmente mostrou algo só dela.

Fazia tempo que não o via, e logo veio à tona a ultima conversa dos dois, e também como é bom sorrir de algo que já doeu...

Observando-o, tocou uma mão na outra e sentiu-se em casa.

Engraçado como pensava mais nele quando disse que precisava ir, do que nos anos em que estiveram por perto.

"Às vezes o fim vem antes e depois inventamos um." - Escreveu mentalmente.

Não disse nada, nem precisava, prometeu manter-se desapegada daqui pra frente... Como se a gente pudesse escolher essas coisas...

domingo, maio 15, 2011

Fica.

Entretendo meus dedos riscando uma linha minha no teu pescoço, não pude notar como nos aproximamos rápido. Eu não via mais as horas, e precisava sentir os minutos para saber quanto tempo faz que já não importava o tempo...
De tão perto nossos corpos, de tão precoces e longas nossas falas doces, minhas linhas se apagavam facilmente enquanto já parecia ter passado uma década do teu lado e eu mal te conhecia. Ficaram velhas as novidades, ficamos sem jeito de fazer perguntas posto que já tínhamos nos escolhido.
Dez dias eram uma vida, e estava cansada por não saber quanta saudade eu poderia criar de você, que parecia nunca ter estado em outro lugar.
A gente precisava se perder, só por isso se perdeu. Essa é a parte mais engraçada. Fiquei por um tempo imaginando se você também ria quando pensava nisso, se é que pensava nisso também...
Agora vejo que nunca saberia o quanto sentia tua falta, até você voltar.

segunda-feira, maio 09, 2011

Cheia de vazios.

Retém esse suor garota, olha o sol que se põe e vê que a batalha está perdida. Só você procura na sombra alguma razão para não enxergar isso.
Teu amanhã é anteontem pra mim, teu riso é som de cidade cheia. Nunca estive por perto e agora você se sente longe demais?
Não faz sentido teu coro noite a fora de toques no telefone, de recados em vozes alheias, nada que tem teu nome fará algum dia ser revivido por mim.
Econtre outro corpo e faça de rua pra tua caminhada, alinhe-se. Permaneça num ritmo que os pés aguentam.
De tanto medo que tinhas em eu querer ser uma ilusão pra ti, inventasse ela sozinha.

quarta-feira, maio 04, 2011

Uma foto sobre a cama.



Escuta agora porque tem palavras que não se repetem mais... Preciso de um lugar seguro para ti, preciso que entendas que os dias passando deixam os próximos cada vez mais sem ar.

Você deveria sentir como é lembrar de um sorriso impresso e perder a pontuação na fala, perder o compasso e tropeçar, colocar as mãos sobre olhos para não perder a visão seletiva... Estou contigo nessas horas, mais do que entre essas paredes que sustentam a ideia de intervenção ao natural, mais do que entre rostos familiares que só dão ênfase a minha fuga pro teu sorriso...

Já tive que te tirar de perto em horas em que o tempo pesa na cama, já te entreguei a outros olhos quando os meus precisavam saber se não eras uma mentira, por ser tão bela...

Agora, escuta sem pressa, porque essas palavras vou repetir a hora que você quiser... Tem um lugar no meu corpo, que te abriga com a certeza de que em cada respiração tudo em mim te sente.

Deverias ver as cores que agora surgem quando desenho teu rosto, quando imagino teu gosto e não me perco mais. Não és mais fuga se pra onde vou sinto como se estivesses me levando. Não é mais forte o desejo de te ver do que a felicidade de ter essa possibilidade me seguindo, conto as horas que flutuam leves sobre a cama e sobre a tua beleza, minha verdade preferida.

domingo, maio 01, 2011

Vem e me acorda que não consigo mais saber se já é dia. Vem que meu olhos ardem e preciso, mais do que nunca, despejar toda essa dor antes que vire outro câncer.
Corto um pedaço de pele e sangro pelo quarto escondendo as pegadas da noite, querendo esquecer, querendo tanto esquecer...
Vem, me leva pra casa, me mostra algo só meu.