Deixo-me em casa, e meu corpo sai escoltado pelos seus novos movimentos rápidos. A pele tentando acompanhar, perde-se nesse misto de convicção e ingenuidade, e acaba afogando-se em seu próprio suor.
Tento não me escutar nessas conversas mecânicas de quintas intenções, porque guardo o apreço que tenho pela voz em algum lugar entre os órgãos vitais.
Deixo-me em casa enquanto meu corpo voa mutilando-se por escolher vias fáceis para lugar onde a dor acontece já na escolha da partida.
Tenho observado-me ser eu, e não consegui me acompanhar.
Não posso mais conviver com essa angústia de querer mais e mais, sobrando tão pouco pela manhã.
É julho e já faz calor. Enquanto todo mundo congela, sinto tanto calor... E a pele continua descolorindo-se a cada toque de mãos que vão apagando cor e textura.
Por isso pensei em voltar, para resgatar o que você desperta em mim, esse medo de morrer que justifica momentos em que o tempo pára e a gente não consegue respirar. Sinto falta de temer por ti e por mim. De ser uma coisa só.
Pensei em chegar cega, aguardando o toque do teu cheiro, e sentir tuas unhas na minha nuca em forma de arrepio. Entretanto sei que são exatamente esses devaneios que me mantém em casa, pedindo-me para fechar a porta ao sair. Digo a mim mesma para voltar fisicamente intacta, que minha parte doente ficará nesse silêncio entre minhas coisas que aos pedaços flutuam sobre a cama.
2 comentários:
Unhas em forma de arrepio, e pedaços que flutuam sobre a cama.. os olhos que se movem pra cima e o pensamento rápido.. que mesmo assim não vai junto com todo o resto.
muito bom, como sempre.
autobiografico?
ou auto desabafo mesmo?
muito bom.
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