Fiquei com medo de não voltar a escrever, posto que o texto anterior fosse como o último suspiro consciente antes de dormir uma década. Mas a cabeça voltou à rotina diária de letras sobrevoando muros, saltando de janelas, fazendo cócegas entre os vãos da minha roupa... E respirando pontuação, piscando haicais, sorrindo rimas perfeitas, meus pés novamente pisam firmes no chão.
Entre os livros reabertos frente ao espelho, percebo que os olhos têm se fechado menos. O cabelo cresceu, o rosto anda se parecendo mais comigo, contudo as mãos são as mesmas.
Do que controlo, mudou o cheiro da pele, o gosto da boca, uma sensibilidade antiga que foi revista como exigência de meu peito, e a gagueira silenciando-se diante de convicção...
Vi hoje, entre um cigarro e outro, você enxergando essas coisas minhas que soaram como novidade. Mas não são, você sabe. O caso é que minha insistente marcha à sua incompreensão é o que me trouxe o teu sorriso de hoje. Aquele que antes mesmo eu via, e agora descrevo no mesmo tom de começo que teu toque deixou nas minhas costas.
2 comentários:
INCRÍVEL, como todo o blog, e como você.
Ufa.
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