Ok.
Quero que você esqueça por um minuto de quem eu sou ou esse texto não fará sentido. Esqueça quem eu fui porque vou falar dessa saudade novamente. Essa que chega até você pelo vento calmo nas milhares de manhãs em que minhas silenciosas atitudes não te fizeram lembrar de mim.
Essa dor constante de ter que ficar de pé nos dias em que meu corpo não aguenta mais a contradição de sentir-se morto enquanto caminha, me dá forças para não alimentar mais essas frases cheias de você. Não posso, como nunca pude, entender o jeito auto destrutivo com que sempre tratei esse amor.
Não tenho mais a pretensão de te esquecer ou de fazer-te lembrar de mim. Encontro, na maior parte do dia, fragmentos de uma vida diferente. Sou a vida que arde em uma mão sempre gélida, com toda palavra parecendo privação de grito. Construo, a cada passo forçado, a doença do desencontro comigo mesma.
Tudo o que escrevo parece um rascunho de uma história que nunca terá fim, foi assim que me tornei parte desses papéis amassados que há anos jogo no lixo.
“Wake up, take your pills dear, I know this time of year ain't right for you...”